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Depois do próprio choro, o que um recém-nascido costuma ouvir ao desembarcar neste mundo são os comentários de pais e parentes sobre sua bagagem hereditária, já nitidamente reconhecível. “É a cara do pai!”, diz o primeiro; “A boca é da mãe, não há dúvida!”, assevera o segundo; “Sim, mas a orelha é do tio Fulano!”, retruca um terceiro. A partir dos primeiros anos da infância surgem então outras características mais sutis, próprias do temperamento, reconhecidas igualmente como “de família” (http://on.fb.me/1LFvoNT).
Embora bem conhecida, essa regra geral de hereditariedade comportamental, não raro, costuma apresentar uma particularidade intrigante: ela nem sempre funciona. De fato, às vezes (muitíssimas vezes, na verdade) ela falha fragorosamente. Quantos casos não há em que numa família de pais visivelmente bons, com um ou dois filhos também bons, normais, surge um terceiro que é uma verdadeira peste, uma autêntica praga bíblica? Por que, num caso desses, apenas os traços físicos são herdados, mas não as peculiaridades do caráter? O que faz essa lei aparentemente descambar aí sem motivo e produzir as famigeradas, as temíveis “ovelhas negras”, verdadeiros clones de desgraça concentrada?
Sempre que nos depararmos com alguma aparente incongruência no efeito de leis naturais, temos de procurar a causa em nós mesmos, em nossa interpretação, e não nas próprias leis, que são absolutamente perfeitas e que exatamente por isso jamais admitem qualquer falha, a mínima exceção, nenhum desvio.
Como explicar então o aparecimento das chamadas “ovelhas negras”? Seria uma loteria da natureza? Um azar do destino?… Não existem acasos numa encarnação, assim como não existem acasos em fenômeno algum da natureza. Uma alma não pode se encarnar num determinado lugar, numa certa condição social e numa família específica se não tiverem sido satisfeitas as disposições para isso, determinadas por leis primordiais. Uma encarnação é o resultado final de múltiplas contingências, determinadas por fios do destino que se sobrepõem e se entrelaçam, urdidos em vidas terrenas anteriores, assim como pela concomitante atração da alma pela sua espécie igual. Justamente essa atração da igual espécie constitui uma lei fundamental da Criação (http://bit.ly/2jpEfeT), de especial importância numa encarnação.
A alma prestes a encarnar é assim atraída para aquele local, para aquela família cujas pessoas têm afinidades anímicas com ela. No caso de ovelhas negras de pais bons, o que acontece é que durante a gestação a mãe se permitiu rodear de pessoas animicamente pouco limpas em seu convívio social, consentindo que essas exercessem uma tal força de atração em volta dela que apenas uma alma turva pôde encarnar-se ali. Esta consegue ancorar-se na mãe através da presença constante daquelas pessoas de características negativas.
A encarnação ocorre no meio da gravidez, o que se evidencia pelos primeiros movimentos da criança. Por isso, até essa época a gestante deve observar o máximo cuidado em suas relações pessoais. Na verdade, deve observar sempre, mas o descuido nisso até a metade da gestação poderá vingar-se amargamente. Foi justamente para afastar essa possibilidade que Isabel, grávida de João Batista, “ocultou-se por cinco meses quando concebeu” (Lc1:24). Agindo assim, ela garantiu que a alma pura do Batista pudesse encarnar-se nela, tal como previsto, e não a alma dum outro qualquer.
A espécie do fruto do ventre da mulher grávida está vinculada, em grande medida, à sua própria vigilância ou negligência anímica. Poderá ser doce ou amargo, trazer alegrias ou tristezas para o seio da família. O tipo do fruto se tornará plenamente reconhecido na época de sua maturação, na adolescência.
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