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“O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstrui-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então direi à minha alma: Tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come e bebe, e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? Assim é quem entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus.” (Lc12:16-21)
Essa parábola traz uma dura advertência àqueles que se esforçam em juntar tesouros na Terra e que, devido a isso, menosprezam a vida espiritual, esquecendo-se de que “não só de pão vive o homem” (Lc4:4). Os avarentos (http://bit.ly/1MtUHik), aliás, são sempre indivíduos muito esquecidos. Esquecem de que aqui na Terra não somos mais do que uma “neblina que aparece por um instante e logo se dissipa” (Tg4:14) e que os nossos dias “são como a sombra que passa” (Sl144:4). A vida terrena é muito curta e os bens materiais são efêmeros (http://on.fb.me/1DyvX3X); o berço e o ataúde de uma pessoa podem ser feitos da madeira de uma mesma árvore.
A riqueza em si não é algo errado. Não há nada de mal em alguém ser rico. Errado é o uso que muitos fazem dela, quase sempre de modo egoístico, visando unicamente seus próprios interesses, “colocando sua esperança na instabilidade da riqueza” (1Tm6:17), sem atentar “que a vida do homem não é assegurada por seus bens” (Lc12:15) e que “quem confia nas suas riquezas cairá” (Pv11:28). Uma tal pessoa, na verdade, não possui a riqueza que imagina ter, ao contrário, com seu devotamento ao dinheiro é literalmente possuído por ela. E com isso também deixa em segundo plano, quando não descarta totalmente, a imprescindível busca pelas riquezas espirituais, as únicas perenes, que poderia e deveria obter em seus caminhos de desenvolvimento.
Mesmo o Antigo Testamento não condena a riqueza em si, tida como meio de realização para todos. Uma pessoa rica, que sabe utilizar seus bens para o benefício de muitos, através da geração de empregos e o desenvolvimento geral das condições de vida, é um elemento muito útil na Criação, pois com sua atividade corretamente direcionada ele contribui para que a Lei do Movimento (http://bit.ly/2z6d4gr) e a Lei do Equilíbrio (http://bit.ly/29f8Zr4) sejam vivificadas na vida terrena, o que também lhe trará ricas bênçãos no efeito retroativo: “Dispõe do teu tesouro segundo os preceitos do Altíssimo, e será para ti mais proveitoso que o ouro” (Eclo29:11).
Abdruschin esclarece esse ponto em sua obra Na Luz da Verdade, a Mensagem do Graal (http://bit.ly/1k0vK3n):
“A pessoa que não acumula inutilmente suas riquezas, para com elas granjear prazeres para si própria, mas as utiliza de modo acertado e as aplica no sentido certo, transformando-as em bênçãos de muitos, é muito mais valiosa e mais elevada do que aquela que dá de presente todas elas! É muito maior e beneficia a Criação!
Tal homem consegue, mediante sua riqueza, dar trabalho a milhares durante toda a existência terrena e lhes proporciona assim a consciência do sustento pelo próprio ganho, o que atua fortalecendo e beneficiando sobre o espírito e sobre o corpo! Só que aí deve permanecer, como algo evidente, uma disposição certa entre trabalho e repouso, bem como deve ser dada a recompensa correta a cada trabalho prestado, devendo prevalecer aí um equilíbrio severamente justo!”
Portanto, mediante essas leis avigoradas aplicadas à matéria, tal pessoa abastada permite àquelas que trabalham para ela familiarizarem-se corretamente com a Lei da Reciprocidade (http://bit.ly/2b179NC), através do trabalho. Os empregados dão à empresa seu trabalho, para que ela cresça e se desenvolva, e em troca recebem uma retribuição em forma de dinheiro, um instrumento transitório que lhes possibilita obter o necessário para suas vidas terrenas. O dinheiro nada mais é do que um meio para facilitar o dar e o receber na matéria grosseira.
Assim, tão simples, deveriam ser as relações de trabalho. Cada qual dando sua contribuição de acordo com suas próprias capacitações, obtidas segundo o caminho de desenvolvimento trilhado durante a existência. Todas, porém, tendo como objetivo máximo de vida o aperfeiçoamento espiritual, através do pleno reconhecimento das leis da Criação e a sábia sujeição voluntária a estas, para o que a vida terrena se constitui numa escola imprescindível. Sim, porque o verdadeiro lucro advindo de um trabalho, assim como em tudo o mais, são as vivências proporcionadas ao espírito humano durante sua realização, visto que unicamente estas o fazem amadurecer e ascender. A remuneração pelo trabalho executado só é de utilidade aqui na Terra, mas as vivências adquiridas por uma pessoa durante sua consecução seguem junto com ela para o Além, como legítimo substrato de sua existência, como verdadeiro tesouro de sua alma.
(Conheça as obras publicadas pela Ordem do Graal na Terra. Acesse: http://bit.ly/ogt-catálogo.)