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Já tratamos aqui da dificuldade experimentada por muitos em trilhar firmemente um novo caminho espiritual, depois do reconhecimento de que o anterior não preenchia mais suas necessidades de evolução, ou que simplesmente não era certo mesmo, trazendo mais danos do que benefícios. A indicação foi de que a chave para o sucesso estava sedimentada na palavra “perseverança” (https://bit.ly/3fSmwpC). Perseverar no caminho escolhido, a despeito de todas as dificuldades interiores e exteriores, traria a vitória final.
Há, contudo, ainda um outro ator que participa ativamente nesse processo de desenvolvimento e florescimento espiritual, decidido pelo livre-arbítrio pessoal. Um ator não muito conhecido, mas que exerce papel preponderante nesse processo, fundamental mesmo, auxiliando o peregrino a prosseguir no caminho escolhido da ascensão. Esse ator atua interna e externamente, trazendo fortalecimento contínuo do anseio daquele que luta por limpar sua alma, num círculo virtuoso crescente e poderoso, que cada vez mais eleva o espírito humano e o protege da queda.
Trata-se do refluxo condensado de tudo quanto inserimos no mundo mediante nossos pensamentos e sentimentos. Desse modo, quanto melhor nos tornamos, tanto mais fácil será nos tornarmos cada vez melhores. Quanto mais evoluídos formos, tanto mais simples será evoluirmos mais e mais.
Abdruschin trata desse fenômeno sob vários enfoques em sua obra Na Luz da Verdade –a Mensagem do Graal (https://bit.ly/Mensagem-OGT), como nesse trecho da dissertação “Destino”, referente a uma pessoa que se entrega a um determinado tipo de querer:
“A espécie do querer pelo qual ela se decide é determinante para os frutos que por fim terá de colher. Dessa maneira inúmeros fios de matéria fina pendem no ser humano ou ele se acha pendurado neles, os quais lhe fazem refluir tudo quanto uma vez desejou. Esses fluxos acabam constituindo uma mistura que contínua e fortemente influi na formação do caráter.”
Se os fluxos forem bons, a nobreza do caráter se evidenciará cada vez mais, e com isso a própria pessoa fortalece sua vontade, continuamente, no sentido do bem. Efeito de uma atuação espiritual interna, portanto.
Externamente, o querer dessa pessoa também é fortalecido ininterruptamente pelos influxos provenientes das centrais de pensamentos e intuições de mesma espécie a que ela está ligada, conforme indica a sequência da mesma dissertação:
“Através da permanente boa vontade em todos os pensamentos e ações, flui igualmente de modo retroativo, proveniente da fonte de força de igual espécie, um reforço contínuo, de modo que o bem se torna cada vez mais firme na própria pessoa, transborda dela, formando, a seguir, o ambiente de matéria fina correspondente, que a circunda como um invólucro protetor, semelhante à camada de atmosfera que rodeia a Terra, dando-lhe proteção.”
Evidentemente, o inverso também é verdadeiro. Quem permite a aproximação do mal, quem se entrega a intuições más, como a inveja, será também continuamente fortalecido em sua má vontade. Sua vontade interior se tornará assim cada vez mais invejosa, devido ao mesmo fenômeno. Desse modo, é muito mais difícil a um tal gerador permanente de configurações intuitivas nocivas conseguir libertar-se do mal, como esclarece novamente Abdruschin:
“Por isso não é tão fácil a tal gerador reentregar-se a intuições mais puras, porque fica fortemente tolhido devido ao refluxo das energias de inveja. É continuamente arrancado disso. É forçado a reunir muito mais energias para a escalada, do que um espírito humano que não esteja de tal modo tolhido. E somente mediante uma constante vontade pura, fenece, pouco a pouco, um cordão nutridor do mal, até que por fim, secando, caia sem forças.” (No Reino dos Demônios e dos Fantasmas).
Esse efeito de autofortalecimento, tanto no sentido do bem como do mal, vale para muitas situações da existência terrena. No bom sentido, a assimilação e compreensão da Verdade da vida é igualmente obtida desse modo, de maneira automática, quando uma pessoa se esforça por espiritualizar-se, tal como indicado nesse outro trecho da obra de Abdruschin:
“A Verdade, contudo, permanece sempre a mesma, não muda, pois é eterna! E sendo eterna, nunca poderá, mediante os sentidos materiais que só distinguem mutações de formas, ser compreendida real e limpidamente!
Por isso, espiritualizai-vos! Livres de todos os pensamentos terrenos, possuireis a Verdade, estareis na Verdade, a fim de banhar-vos na Luz límpida que ela irradia constantemente, pois vos rodeia totalmente. Nadareis nela, tão logo vos espiritualizardes.
Não tereis mais necessidade de aprender arduamente as ciências nem de recear quaisquer erros, mas sim tereis para cada pergunta a resposta já na própria Verdade; mais ainda, não tereis então mais perguntas, pois, sem que penseis, sabereis tudo, abrangereis tudo, porque vosso espírito vive na Luz límpida, na Verdade!” (Despertai!)
Por isso, o próprio ingresso no Paraíso, a pátria eterna do espírito humano – meta suprema de sua peregrinação pelos vários planos da Criação – é conseguida dessa mesma forma. Abdruschin mostra como isso acontece com um espírito que se esforça continuamente em ascender, quando tiver deixado o mundo material:
“Também nas regiões da Luz cada alma humana encontrará a espécie igual, isto é, de ideias análogas, de acordo com a estruturação do próprio corpo de matéria fina. Uma vez que apenas o realmente nobre, o que tiver boa vontade, é capaz de se esforçar para cima, livre de cobiças inferiores, assim a alma humana encontrará como sua espécie igual também apenas o que é nobre. É, outrossim, fácil de compreender que quem se encontra em tais regiões não tem de sofrer nenhum tormento, mas usufruir tão só a bênção, consentânea com a nobreza que irradia, sentindo-se, portanto, bem-aventurado com isso e, por sua vez, ele próprio também desperta alegria nos outros, covivenciando-a intuitivamente em face da sua própria atuação. Pode dizer que caminha nos páramos dos bem-aventurados, isto é, dos que bem-aventurados se sentem.
Estimulado com isso, sua alegria pelas coisas puras e elevadas tornar-se-á cada vez mais intensa e o elevará cada vez mais alto. Seu corpo de matéria fina será perpassado por essa intuição, tornar-se-á cada vez mais fino e menos denso, de modo que o fulgor do núcleo espírito-enteal irrompe cada vez mais irradiante e, por fim, as últimas partículas desse corpo de matéria fina também se desfazem como que consumidas pelas chamas, com o que então o espírito humano perfeito, consciente e personalizado, está apto a transpor, em sua espécie totalmente espírito-enteal, os limites do espírito-enteal. E só com isso é que entrará no reino eterno de Deus-Pai, no Paraíso imperecível.” (As Regiões da Luz e o Paraíso).
Mais uma vez vemos que tudo, mas tudo mesmo que atinge o ser humano, incluindo as possibilidades maiores ou menores de sua ascensão espiritual, de fortalecimento ou enfraquecimento dessas perspectivas, dependem sempre, única e exclusivamente, dele próprio.
Roberto C. P. Junior
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