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Houve-se muito falar em gratidão nos dias que correm, muito mesmo. Virou quase uma obrigação, uma espécie de dever politicamente correto, o qual impele tantos a expressar de algum modo nas redes sociais suas muitas “gratidões” pelos mais variados motivos. E os que assistem a essas manifestações geralmente cumprimentam os assim agradecidos pela virtude da gratidão neles cultivada e tão claramente evidenciada.
No entanto, a legítima gratidão não se enquadra nem como dever nem como virtude. Ela simplesmente irrompe na alma que reconhece uma dádiva com que foi agraciada, e se manifesta por meio da mais pura alegria, unicamente. A gratidão verdadeira, profundamente intuída, se evidencia num sentimento de alegria plena.
Sobre essas questões relativas à gratidão, diz Abdruschin na obra Na Luz da Verdade –a Mensagem do Graal (bit.ly/Mensagem-OGT):
“A gratidão não é nenhuma virtude! Não deve e não quer ser contada entre as virtudes. Pois toda virtude é de Deus e por isso ilimitada.
Tampouco deve a verdadeira gratidão ser classificada como um dever! Pois então não poderá desenvolver em si aquela vida, aquele calor de que necessita para receber, pelo efeito recíproco, a bênção de Deus advinda da Criação!
A gratidão acha-se estreitamente ligada à alegria! Ela própria é uma expressão da mais pura alegria. Onde, portanto, a alegria não constitui a base, onde o impulso alegre não é a causa para o agradecimento, aí está falsamente empregada a expressão gratidão, aí se abusa dela!”
A gratidão genuína, por si só, já se constitui na oração mais bela e no agradecimento mais profundo que o ser humano pode devotar ao seu Criador, conforme esclarece novamente Abdruschin na mesma obra: “Ser feliz no mais verdadeiro sentido é, sim, o maior agradecimento que podeis dar a Deus.”
Quanto mais alto uma pessoa ascender em seus caminhos de evolução espiritual, tanto mais incondicionalmente se submeterá às leis que regem a Criação, e tanto mais grata se tornará também. Sua vida inteira será um hino permanente de gratidão para com o onipotente Criado, a Fonte e o Doador de toda a vida. Desse modo, virão ao seu encontro, de maneira automática, em quantidade e frequência cada vez maiores, somente alegria e felicidade, pois outras coisas essas leis não preveem aos que por elas pautam suas vidas (bit.ly/3iByTIk). Viver em conformidade com as leis da Criação é a maior sabedoria que um ser humano pode almejar. É, com efeito, a suprema arte de viver.
O ser humano espiritualmente desperto, genuinamente grato, torna-se assim um servo realmente útil na vinha do Senhor, pois passa a sentir com muita clareza que realmente “mais bem-aventurado é dar do que receber” (At20:35). Com essa sua adaptação voluntária, as próprias leis da Criação é que passam então a servi-lo automaticamente, auxiliando-o e amparando-o em todos seus caminhos de desenvolvimento até o Paraíso, como o mais belo efeito recíproco outorgado a uma criatura que se move direito dentro da obra do Criador.
Desse modo, com a alma preenchida de alegria e o coração quase a transbordar de pura gratidão, ele terá se tornado a comprovação viva de que não há para uma criatura graça maior do que servir, nem felicidade maior do que ser útil.
Roberto C P Junior (instagram.com/robpucci/)