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Já há tempos venho recebendo diversas mensagens, de múltiplas fontes, dando conta de que estamos todos vivendo dentro de uma Matrix. Até agora sempre achei curiosa essa percepção, e por vezes também fiquei algo intrigado. “Como pessoas boas, que se esforçam realmente em melhorar em tudo, e que não se deixam engodar por conceitos místicos-ocultistas, podem acreditar nisso?…” Parecia-me algo sem uma explicação plausível, e até certo ponto um tanto preocupante também.
Matrix é o nome de um filme de ficção científica de 1999, estrelado por Keanu Reeves (no papel de Neo), o qual deu origem a duas sequências no início dos anos 2000. A história retrata um futuro distópico, no qual a realidade tal como percebida pelas pessoas é, na verdade, uma existência computacional simulada, denominada “Matrix”, criada por máquinas sencientes para subjugar a população humana na forma de hibernação, enquanto o calor e a atividade elétrica de seus corpos são utilizados como fontes de energia. No filme, o programador de computador Neo descobre a situação e dá início a uma rebelião contra as máquinas, juntamente com outras pessoas que foram libertadas do “mundo dos sonhos”. A franquia teve um sucesso estrondoso, a ponto de “Matrix” ter-se tornado praticamente sinônimo de realidade virtual.
Assim, as pessoas que elaboram ideias a respeito, e enviam mensagens sobre estarmos numa Matrix, acreditam que estamos vivendo dentro de uma espécie de realidade paralela, simulada. Parecia-me inconcebível que pessoas sensatas, de boa índole e sem inclinações fantasiosas, pudessem, de fato, acreditar nessa ideia. Mas, refletindo um pouco, vejo que elas não estão tão equivocadas assim. Basta destrinchamos mais profundamente o conceito de Matrix no mundo de hoje.
Por exemplo: as pessoas que aceitam irrefletidamente dogmas de qualquer tipo, e a eles se submetem sem nenhum questionamento, estão, sim, vivendo por opção própria numa realidade simulada, cujo objetivo é manter seus espíritos dormindo, em cômoda inatividade. Do mesmo modo, vivem sossegadamente num mundo de ilusão aquelas tantas que acreditam no poder ilimitado da ciência, assim como da capacidade humana de resolver qualquer situação com a força do intelecto.
Tanto o imenso contingente que desdenha das alterações climáticas, como o grupo ainda maior que supõe que tudo quanto anda acontecendo de extraordinário na Natureza é apenas consequência exclusiva da atividade humana, e que ela, a humanidade, vai saber resolver esse problema logo mais, estão vivendo em seus próprios mundos de fantasia. Estão todos confortavelmente instalados numa sedutora Matrix, rechaçando logo, com irritação, qualquer ideia que possa ameaçar suas comodidades aconchegantes, seus aconchegos cômodos.
A imensa maioria da humanidade, a quase totalidade, está portanto vivendo, sim, numa imensa Matrix. Seus espíritos estão inativos, dormem tranquilamente, num completo descaso em relação à fundamental Lei do Movimento na Criação. É mais até do que simples descaso. Seu modo de vida é um verdadeiro escárnio contra a exigência de movimentação e aperfeiçoamento espiritual. Não vivem, na realidade. Apenas vegetam na atual vida terrena, e nem desconfiam disso.
Já os fomentadores desse lastimável estado de coisas são os vários líderes religiosos e científicos que despejam continuamente dogmas inebriantes por cima da humanidade sequiosa, tão puerilmente crédula. São eles os dirigentes da Matrix, os seus diretores, que se empenham com admirável afinco, todos eles, para que as criaturas humanas continuem sonhando indefinidamente, com seus espíritos tristemente paralisados, sem ousar questionar os tantos preceitos dogmáticos, científicos e religiosos, a elas impingidos sem resistência. Esses diretores promovem a fé cega e estimulam a indolência espiritual de toda a raça humana.
No filme, há outros dois personagens de relevo. O primeiro é o “Arquiteto”, retratado como uma personalidade extremamente racional, desprovida de emoção, falando e agindo de forma técnica e complexa. Ele personifica a lógica rígida das máquinas, o antagonista intelectivo em oposição ao livre-arbítrio. Responsável por programar a Matrix, vê os humanos como figuras previsíveis e manipuláveis, tratando suas escolhas como equações a serem resolvidas. Podemos afirmar que o Arquiteto é o principal assessor da diretoria da nossa Matrix, onde exerce o papel do raciocínio frio e calculista, preso à Terra, incapaz de entender qualquer coisa situada além da matéria visível e palpável.
O segundo personagem é o “Oráculo”, que trabalha com a intuição e acredita que as pessoas precisam chegar sozinhas às suas próprias conclusões. Ele nutre a esperança de que os humanos possam finalmente transcender o controle das máquinas e, assim, obter um desfecho que beneficie toda a humanidade. Na nossa Matrix, o oráculo corresponde à voz interior, que procura guiar a vida de cada um para um alvo elevado, acima do mundo material.
Infelizmente, por aqui, na nossa milenar Matrix, o Oráculo há muito não é páreo para o Arquiteto, porque o ser humano terreno optou por reforçar a ferramenta do raciocínio ao máximo, tornando-se escravo dela, não mais querendo ouvir a voz admoestadora do espírito, a intuição. Desse modo, os orgulhosos diretores da Matrix tiveram seu trabalho de entorpecimento geral enormemente facilitado pela própria humanidade.
Contudo, o que eles não sabem, e nunca saberão a tempo, é que nenhuma lei universal pode ser transgredida impunemente. Só reconhecerão isso quando os efeitos da reciprocidade inevitável os atingir. E não só eles, evidentemente, mas também as centenas de milhões de criaturas humanas adormecidas sob suas diretivas. Mas então será tarde demais para elas. Quando finalmente reconhecerem e quiserem abandonar a Matrix, não mais poderão recuperar o que foi negligenciado durante o tempo de sua sedação voluntária.
Por isso, é mais do que hora de nos mexermos espiritualmente com toda a energia, mantendo nossos espíritos em contínua movimentação, o que se evidencia por uma vontade voltada exclusivamente para o bem, a qual, por sua vez, transparece em ações nobres, palavras edificantes, pensamentos puros e intuições límpidas.
Um modo de ser e uma atuação renovados em todos os sentidos, nos quais o raciocínio é um mero servo coadjuvante, e não um tirano opressor, nunca mais. Tão somente uma existência baseada nesses princípios corresponde a uma vida real fora da Matrix, digna de um espírito humano consciente.
Roberto C. P. Junior (instagram.com/robpucci/)
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