Tempo de leitura: 3 minutos
O Deep Blue foi um computador de grande porte especialmente projetado por cientistas americanos para jogar um xadrez de alto nível. Em maio de 1997, depois de submetido a uma grande atualização, o Deep Blue venceu o então campeão mundial, o russo Garry Kasparov, num confronto com regras oficiais.
Foi algo sem precedentes, que gerou imensa polêmica e consternação no mundo inteiro, pois o próprio Kasparov encarava a disputa como um confronto entre a humanidade e a máquina, algo como uma queda de braço entre o criador e a criatura. Tanto assim, que até se sentiu ofendido ao ver uma bandeira russa do seu lado do tabuleiro, pois afinal de contas ele estava ali representando toda a humanidade, e não uma nação em particular…
A maior parte dos simpatizantes e analistas do xadrez também vislumbrava o embate sob essa ideia de uma luta intelectual, de onde não poderia haver dúvidas sobre quem sairia vencedor. Por isso, a realidade da derrota foi especialmente dolorosa para muitos. Por toda a parte, via-se pasmo e perplexidade: “A máquina venceu o ser humano!” “O computador vai dominar o mundo!” “A humanidade foi derrotada!”
Se um computador foi capaz de vencer o melhor enxadrista do mundo, então era evidente que uma máquina podia, de fato, jogar xadrez melhor do que o mais experiente ser humano. Mais: que uma máquina podia ter mais inteligência do que um ser humano, pelo menos mais inteligência para jogar xadrez. Dessa constatação adveio então a perplexidade e o inconformismo de muita gente pelo mundo afora.
Mas eram sentimentos sem razão de ser. O computador venceu o homem numa prova que exigia unicamente raciocínio. Nada a requerer da intuição, nada a requisitar do espírito, daquilo que é vivo e que faz de um ser humano realmente um ser humano (bit.ly/3f5XhjR).
O Deep Blue não tinha capacidade de intuir o certo e o errado, não tinha livre-arbítrio, era incapaz de amar. Não trazia dentro de si o impulso irrefreável de saber quem ele era, o que fazia na Terra e quem o criara. Era e é um objeto morto, que na observação bem humorada de um repórter não foi sequer capaz de comemorar sua vitória.
Mas as pessoas que há muito sufocaram a voz de seus espíritos – a intuição, acreditaram e ainda acreditam que a humanidade saiu mesmo derrotada pela máquina. No entanto, quem derrotou a humanidade foi ela própria, num processo que vem já de milênios, quando passou a considerar o raciocínio, um mero instrumento de utilização terrena do espírito, como seu bem supremo, como a mais valiosa e importante dádiva da existência (bit.ly/2Eeqpb8).
E agora, quase três décadas depois, a humanidade se faz os mesmos questionamentos daquela época, com medo ainda maior de perder a primazia, desta vez em relação à inteligência artificial…
Já é mais do que hora de o ser humano se esforçar em escutar novamente a voz de seu espírito, pois unicamente sua essência espiritual é que faz dele um ser humano.
Roberto C. P. Junior
(instagram.com/robpucci/)
• Confira os posts sonorizados desta página em nosso canal no YouTube: bit.ly/ODSA-YT.
• Conheça as obras publicadas pela Ordem do Graal na Terra: bit.ly/livros-OGT.