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A arte do esporte!… Louvada e elevada por toda parte, exaltada com esperança no mundo inteiro, decantada com orgulho entre os povos, divinizada com olímpica emoção pelas nações. Como poderia ser danosa?… Para quem tem olhos para ver, o enaltecimento esportivo atual é apenas mais uma amostra espantosa de como os conceitos de certo e errado estão completamente torcidos em nossa época.
O esporte é, sim, danoso, porque é uma prática artificial e unilateral. Não visa em primeira linha angariar e conservar a saúde do corpo, senão mostrar quem é o melhor numa determinada modalidade. Os troféus que atestam essas proezas pretensiosas, esses fúteis feitos, não são mais do que uma forma moderna de idolatria (http://bit.ly/296iLfu).
“O importante não é ganhar, mas competir!”, rebaterão os discípulos de Coubertin. Mas não, de jeito nenhum. Para qualquer esportista deste planeta o importante é, sim, ganhar. Ganhar sempre, de qualquer maneira. Conquistar notoriedade, angariar admiração, subir no degrau mais alto. E mesmo que algum dentre eles realmente acreditasse, lá no fundo de seu coração, nessa fantasia, e não apenas a murmurasse para si próprio ao perder seu lugar no pódio, mesmo assim seria algo insano.
O esporte unilateral e competitivo é sempre nocivo, nunca contribuiu para melhorar em nada o íntimo do ser humano, ao contrário, só fez incutir nele o anseio de sobressair a todo custo. Essa competitividade continuamente nutrida por centenas de milhões de terráqueos não ficou sem efeito no ambiente mais fino que nos envolve. Transpôs o âmbito dos estádios e passou a exercer sua influência num sem número de almas que trazem em si um pendor semelhante. Essas passaram a ser então literalmente assediadas por esses influxos, que impingiram nelas a necessidade permanente de competir e competir, para vencer na vida e salientar-se a qualquer preço.
Os efeitos globais desse desvario são trágicos. Como quase todos se veem hoje como competidores em tudo, leais ou não, uma simples rusga de trânsito pode facilmente desembocar numa tragédia, e o próprio trânsito torna-se pista de competição. A derrota numa inocente partida de dominó ou num jogo de cartas tem cacife para infartar qualquer um dos competidores. Um gol no final do segundo tempo é motivo para pancadaria e morte entre as grandes massas, denominadas “torcidas”.
Muitas empresas, grandes ou pequenas, não visam mais em primeira linha aperfeiçoar seus produtos e garantir sua sobrevivência, mas sim destruir seus competidores, esmagar a detestada concorrência. Um grande empresário chegou a dizer que se um concorrente seu estivesse se afogando, sua primeira providência seria enfiar uma mangueira de água em sua boca… Declarações como essas são tidas como ditados de grande sabedoria, máximas de profunda inspiração, utilizadas em cursos de aperfeiçoamento de executivos.
“O importante é competir para ganhar!”, é o lema real. Nações competem loucamente entre si, em corridas armamentistas, espaciais, comerciais e culturais. Competem e competem. Todos competem. E ninguém mais vive.
Esse é o resultado da competição e da competitividade desenfreada, o mundo competitivo em que vivemos, do qual o esporte é seu principal fomentador e patrocinador. Um imenso estádio planetário, com bilhões de competidores infelizes e vazios espiritualmente. É isso o que a humanidade tem a apresentar na época atual, ao término do período concedido para o seu desenvolvimento; é esse o troféu que ela pode agora erguer em triunfo para o seu Criador, como fruto de sua evolução.
Sonhar um pouco de vez em quando não é errado, pois isso não acirra nenhuma competição. Mas enquanto alguns poucos ainda se permitem sonhar com uma improvável, talvez impossível melhoria da humanidade, esta permanece sonhando com sua própria grandeza, embalada na ilusão de sua importância e de suas glórias esportivas. Em breve, todos nós acordaremos.
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