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Demônios, na acepção da palavra, são gerados pelos próprios seres humanos. São as configurações de matéria fina formadas por suas intuições más, como o ódio, a inveja, a cobiça, a avareza, etc. Não são, porém, entes vivos, possuidores de vontade própria, mas apenas a expressão formada da vontade intuitiva má de seus geradores.
Apesar disso, essas configurações maléficas são capazes, sim, de influenciar poderosamente as pessoas que lhe permitem a aproximação, por alimentarem alguma espécie igual em seu íntimo. O ser humano que desse modo der guarida a essas conformações alheias pode, portanto, ficar sob forte “influência demoníaca”, mas em nenhuma hipótese ser possuído por elas. Quem, por exemplo, nutre inveja em seu coração, acaba ficando sob a influência demoníaca da inveja (cf. Tg3:14,15).
No início do Cristianismo, o teólogo Orígenes já enumerava várias inclinações pecaminosas, cada uma delas associada a um demônio em particular. No século XVI, na Alemanha, os clérigos católicos e protestantes também acertavam, sem o saberem, quando falavam em seus sermões de demônios da bebedeira, da usura, da moda, da adulação, da mentira, etc. Nesse sentido, o livro apócrifo Testamento dos Doze Patriarcas também fala com acerto de “demônios em atividade” na embriaguez, na luxúria e na raiva manifestada pelos seres humanos.
A palavra grega “daimónion” não tem gênero, é neutra, indicando não uma pessoa e sim uma configuração ruim, perversa, capaz de causar danos ao ser humano para o qual foi atraída e em quem pôde se agarrar, devido à espécie igual. Antigos relatos babilônicos falam que os demônios causam enfermidades, perturbam a ordem das coisas, provocam desentendimentos nas famílias e arruínam as pessoas.
Por conseguinte, é um erro estabelecer uma correlação entre endemoninhado e possesso, como se fossem a mesma coisa. O primeiro está sob influência demoníaca de alguma configuração intuitiva má, enquanto que o segundo está realmente possesso de um espírito humano desencarnado.
Possessão só pode ocorrer por intermédio de um espírito humano que já tenha deixado seu invólucro terreno. Em algumas situações uma pessoa aqui na Terra pode ter seu corpo possuído, em grau maior ou menor, por um espírito humano desencarnado. Tal pessoa pode então praticar ações de acordo com a vontade do espírito possuidor e não mais dela própria. São esses então os casos legítimos de possessões, e foram esses que Jesus curou, ao expulsar o espírito humano invasor.
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