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Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio no mundo a cada ano, ou seja, uma a cada 40 segundos, em média. E para cada caso fatal há pelo menos outras 20 tentativas fracassadas. A incidência é maior na população mais jovem. Na faixa de 15 a 29 anos, é a segunda maior causa de morte registrada. As motivações que levam uma pessoa a atentar contra a própria vida são bem conhecidas e mapeadas, e, no entanto, nenhuma delas se sustenta quando analisada de uma perspectiva mais abrangente, principalmente do ponto de vista espiritual:
- “Livrar-se de uma dor martirizante.” Ninguém sofre por acaso, ninguém é forçado a experimentar uma dor injusta (http://on.fb.me/1HaS3tz). Fomos nós mesmos que em algum ponto da nossa existência demos causa ao que nos atingiu de desagradável, por efeito da incorruptível Lei da Reciprocidade (http://on.fb.me/1fojJ8D) Aceitar a dor, procurar algum lenimento material e, sobretudo, modificar-se interiormente, direcionando a vontade, os pensamentos e ações exclusivamente no sentido do bem, para que os retornos futuros só possam ser bons. Não existe outro caminho para alívio do sofrimento. O suicida não só não será liberto da dor com o seu ato, como encontrará outras ainda maiores do outro lado da vida, sempre.
- “Causar dor a outrem.” Nada mais insensato pode ser feito. Tirar a própria vida como uma tentativa de vingança demonstra um desconhecimento absoluto do funcionamento das leis da Criação, um alheamento completo. Não importa o motivo: humilhação, desilusão amorosa, arbitrariedade… Eventual dor infligida a outrem com esse ato retornará ao causador de sua própria morte numa intensidade muito maior.
- “Dispor da própria vida como se desejar.” Somos responsáveis pelo nosso destino, mas não temos o direito de decidir entre viver e morrer, pois não fomos nós que concedemos o dom da vida a nós mesmos. Nós a recebemos do Doador onipotente como graça, pelo anseio manifestado de nos tornarmos autoconscientes, o que só pode acontecer em múltiplas peregrinações pelos mundos materiais. O autoextermínio pode até não ser um crime do ponto de vista legal, sob o código penal, mas o é pelo código da vida, pois constitui uma atitude frontalmente contrária à Vontade do Criador, com consequências nefastas ao causador.
- “Transtornos psicológicos.” Depressão, distúrbio bipolar, esquizofrenia e o que mais existe de problema psicológicos e mentais devem ser tratados com os recursos disponíveis (medicamentos e terapias), além de uma indispensável mudança da sintonia interior, já que todos esses males são oriundos da alma (http://bit.ly/1RVCYTq). Eliminar a si mesmo não trará nenhum alívio, pois a alma, com todos os seus pendores, continua a existir.
- “Reação ao bullying.” Violência física e moral deve ser combatida por todos os que tomam conhecimento dela: colegas, professores, pais e responsáveis. Os causadores precisam ser punidos da forma mais severa, exemplarmente. Mas tirar a vida em reação a esse tipo de violência é uma tolice sem tamanho. Há tantas pessoas intrinsecamente más em nosso mundo nos dias de hoje, que dentre os praticantes de bullying alguns até podem se sentir recompensados se a vítima se matar.
- “Demonstrar coragem.” Essa causa ganhou notoriedade em tempo recente pela disseminação de jogos que estimulam o jovem a ferir-se e, por fim, como coroação da “coragem”, matar-se. A realidade, porém, é inversa. Tirar a vida de si mesmo não é um ato de coragem, mas de covardia e de egoísmo. Covardia diante da vida, da necessidade de encarar a vida como ela é e de aprender com as vivências. E egoísmo pela indiferença em relação à enorme dor causada aos pais, amigos e parentes próximos. Desnecessário acentuar que toda essa dor retornará ao próprio suicida onde ele estiver após a morte.
- “Curiosidade.” É uma causa não muito comum, mas existe. Advém principalmente da leitura de determinados livros de ocultismo e misticismo (http://on.fb.me/1I54MnI). Que se trata de livros que nada ensinam sobre as leis da Criação e seus efeitos, fica evidente pela falsa curiosidade despertada em relação à vida no além, a qual pode levar uma pessoa imatura a cometer suicídio. Grande será sua surpresa ao reconhecer, do outro lado, o tamanho da sua inconsequência e insensatez.
- “Ato de protesto.” Imolações, greve de fome até a morte, e outras formas de tirar a própria vida como protesto político-social, indicam, mais uma vez, um desconhecimento absoluto das leis universais que regem a Criação. Maltratar voluntariamente o próprio corpo já é um crime inominável (http://bit.ly/2G8SuMp), e fazer isso até provocar a morte desse corpo é uma afronta consciente em relação às disposições das leis da vida.
- “Solidão.” Especialistas costumam explicar que o potencial suicida, de um modo geral, não deseja morrer, mas sim quer fazer morrer dentro de si algo que o oprime. Essa opressão, em muitos casos, é justamente a solidão, o sentir-se sozinho. Jovens idealistas, especialmente, se sentem frequentemente incompreendidos, e com isso solitários com os seus sentimentos. Esse sentimento é legítimo e decorre do reconhecimento de tudo quanto está errado no mundo de hoje; é o espírito recém despertado querendo alçar seu voo às alturas. O indivíduo, porém, não deve deixar-se subjugar pelas ponderações do seu raciocínio, o qual jamais pode ser um bom guia em situações que não lhe dizem respeito, como o anseio ascendente de um espírito puro. As ideias suicidas para essa situação surgem unicamente das elucubrações restritas do intelecto. O jovem não deve dar atenção a elas, mas sim ouvir unicamente a sua intuição – a voz do espírito, que sempre lhe indicará o caminho certo. Nesse caso, o de experimentar plenamente a vida, contribuindo com o que estiver ao seu alcance para enobrecê-la.
- “Problemas de saúde.” Essa é uma causa particular da primeira, a da “dor martirizante”. Doenças não são loterias negativas, que podem atingir indiscriminadamente este ou aquele. O doente pode e deve procurar solução na medicina e também na necessária mudança da vontade interior, que deve estar sempre voltada para o bem, e que por fim se manifestará também em seus pensamentos, palavras e atos. Doenças, aliás, podem ser úteis, ao fazer a pessoa refletir com mais seriedade em sua vida e possivelmente levá-la a uma outra sintonização, mais em conformidade com as leis da Criação.
- “Dificuldades financeiras.” Quem é capaz de se matar por falta de dinheiro, ou porque sofreu um grande prejuízo material, é muito mais pobre do que supõe. Pobre no espírito, desprovido de qualquer valor que pudesse levar consigo para o outro lado da vida. Dificuldades existem para serem vencidas, e o esforço pessoal e a boa vontade permanente são a chave para suplantar quaisquer dificuldades de ordem material.
- “Indução e imitação.” Essa é uma causa suspeitada. Alguns supõem que atos de suicídios, por si só, podem levar ao aumento de casos por imitação, tal como acontece em atentados. A súbita e triste notoriedade de um suicida, a comoção causada pelo seu ato, poderiam incentivar jovens imaturos a praticá-lo. Por isso, via de regra, casos de suicídio não costumam ser noticiados. Os jovens que se sentem influenciados desse modo deveriam então se aprofundar nos casos que lhe chamaram a atenção, até reconhecerem em toda a extensão o mal real que aquilo causou. Se deixarem o próprio coração falar, passarão a sentir uma repulsa natural pelo ato.
- “Efeito de drogas.” De acordo com a OMS, o abuso de álcool e de substância psicoativas aumentam significativamente o risco de suicídio entre pessoas jovens. Quem faz uso de muletas químicas como essas precisa, antes de mais nada, reconhecer sua dependência e querer libertar-se de fato disso. O desejo de “fugir da realidade” com elas só torna a realidade muito mais dura e difícil do que é. E fazer uso de drogas para angariar coragem para cometer suicídio equivale a tomar uma anestesia rápida antes de experimentar uma futura dor, imensa, após a morte, uma dor que não precisaria ser conhecida.
Aos que se encontram próximos de um potencial suicida, indica-se a necessidade de permanecer atentos aos sinais e, sobretudo, ouvir essa pessoa. Mas ouvir mesmo, com atenção, com interesse real, e não como incumbência artificial ou dever de ofício. Ouvir atentamente, entender e procurar ajudar onde e como for necessário, se possível indicando auxílio especializado. E às pessoas com ideias ou ideais suicidas, pode-se dar um conselho simples, amoroso e objetivo: não faça isso, apenas não faça.
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