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Contam os evangelhos que quando Jesus voltou do Jardim do Getsêmani encontrou seus discípulos dormindo, e os repreendeu severamente: “Velai e orai para não cairdes em tentação!” (Mc14:38; Mt26:41). O sono deles foi um sinal exterior, terreno, de falta de vigilância espiritual, a qual poderia ser conservada se eles tivessem procurado orar realmente de toda a alma. Daí a advertência do Mestre.
Em sua Mensagem do Graal (http://bit.ly/1k0vK3n), Abdruschin esclarece esses dois pontos:
“O velar refere-se à vossa vida terrena, na qual deveis estar automaticamente preparados, a qualquer momento, para intuir nitidamente as impressões que se precipitam sobre vós, e também pesá-las cuidadosamente, assim como examinar antecipadamente, com cuidado, tudo o que sai de vós.
O orar, porém, traz a manutenção da ligação com as alturas luminosas e o abrir-se às sagradas correntes de força para utilização terrena.”
Quem realmente vela e ora fica protegido de cair em tentações de qualquer tipo, as quais, no entanto, continuarão a existir aqui na Terra até a finalização do atual processo de depuração (http://on.fb.me/1dSlfiQ). As tentações não permanecerão afastadas com o velar e o orar, mas serão facilmente repelidas por aquele que cumpre ambas as exigências, conforme explica também Abdruschin na sequência:
“Cumprindo ambas as exigências, nunca podereis cair em tentação! Interpretai também direito esta indicação, pois se vos é dito: ‘para não cairdes em tentação’, então isso não quer dizer que se velardes e orardes nenhuma tentação mais vos atingirá, que elas ficarão afastadas, que, portanto, não caireis em tentações, porém deve significar: se permanecerdes sempre vigilantes e orardes, então nunca podereis sucumbir às tentações que venham a vosso encontro; podereis enfrentar vitoriosamente todos os perigos!”
Aliás, cada pessoa de boa vontade acha-se envolta por tantos auxílios, encontra-se de tal modo protegida, que é para ela uma vergonha enorme deixar-se engodar por algo muito mais fraco como é a tentação. Não por outro motivo, disse outrora Paulo aos Coríntios: “Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas” (1Co10:13). Já a exortação de Jesus para se conservar a máxima vigilância espiritual não se dirigia exclusivamente aos discípulos, mas a todas as criaturas humanas: “O que vos digo, digo a todos: vigiai!” (Mc13:37).
Velar e orar é, portanto, uma proteção eficaz contra todas as tentações. Mas falta ainda compreendermos corretamente o conceito de tentação.
Sob a palavra tentação, homens e mulheres logo pensam no perigo de sedução do sexo oposto, ou, talvez, na possibilidade de angariarem algum proveito indevido ou vantagem ilícita quando surge uma chance qualquer. Ou ainda na contingência de se entregarem a algum vício, sucumbindo sob esse jugo. Mas a tentação não se resume a essas coisas, ela é muito mais do que isso. A tentação abrange toda oportunidade sorrateira que se abre à nossa frente nos conclamando a dar vazão às nossas fraquezas, seja de que espécie forem.
Quando deixamos falar o orgulho, a presunção e a vaidade, estamos caindo em tentação; quando permitimos que a inveja, o ciúme e a raiva tomem conta da nossa alma, estamos caindo em tentação. Caímos em tentação quando consentimos que a indignação se nos transmute em revolta, a cada vez que emitimos uma opinião desfavorável sobre uma pessoa ausente, sempre que lançamos um olhar de desconfiança para um gesto altruístico do próximo. E assim por diante. As quedas decorrentes das tentações são múltiplas, porque inúmeras são as cobiças e defeitos que deixamos vicejar em nosso íntimo, devido à nossa crônica indolência de espírito. Dormimos espiritualmente tempo demasiado, e por isso já é mais do que hora, finalmente, de acordarmos com a exortação de Cristo: Velai e orai!
Velemos e oremos, pois, com a alma aberta e o espírito receptivo. Só assim poderemos vencer toda e qualquer tentação que se nos aproxime ou que queira se impor em nossa vida.
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