Tempo de leitura: 3 minutos
Conta a lenda que durante sua jornada em busca de elucidação, o futuro Buda estava absorto à margem de um rio quando passou por ele um barco, dentro do qual um músico idoso dava instruções a um aluno sobre como afinar o instrumento de corda. E o velho músico dizia ao jovem: “Se você esticar muito a corda, ela arrebentará; se deixá-la muito frouxa, ela não tocará.” Essa frase teria suscitado nele a compreensão de que o caminho para se atingir a harmonia na vida sempre estará longe dos extremos.
Esse conceito de “caminho do meio”, porém, já era conhecido em outras épocas, por outros povos. Na entrada do Templo de Apolo, por exemplo, erguido por volta do século IV a.C. na cidade grega de Delfos, havia a inscrição: “Nada em excesso”. Tratava-se do mesmo ensinamento. O caminho do meio, o caminho da harmonia, da ponderação e do equilíbrio (http://bit.ly/29f8Zr4), é o mais adequado em quase todas as situações da vida.
Podemos pensar na vida terrena harmoniosa como um riacho que segue seu caminho com o nível de água nem muito volumoso nem muito baixo, de modo que uma pessoa que viva dessa maneira trará proveitos ao ambiente e a ela própria. Ao encontrar as pedras que sobressaem do leito, a água do riacho provoca um som murmurante, relaxante, além de contribuir para a sua oxigenação e com isso para a vida aquática. Se o nível da água estivesse muito baixo, o filete mal conseguiria escoar por entre as rochas, não produzindo nenhum efeito benéfico. Se o nível estivesse alto demais, a correnteza passaria a grande velocidade por sobre as pedras, cobrindo-as totalmente e também não trazendo nenhum proveito. Em ambos os casos, que são os extremos, não se reconheceria mais o efeito revigorante e benfazejo do riacho murmurante. Ele só traz bênçãos com o nível de sua água a meio termo. Ocorre que nós próprios temos a prerrogativa de escolher a velocidade de escoamento da água, mediante nossa vontade espiritual.
O caminho do meio vale para a disposição correta de vida da criatura humana, em sentido amplo. Cuidar da alma sem descuidar do corpo. Procurar o desenvolvimento espiritual mantendo a vigilância terrena. Buscar tesouros para a alma sem negligenciar bens terrenos. “Sem negligenciar” não significa aqui “buscar freneticamente”, mas apenas não desprezar os bens e utilizá-los com responsabilidade.
Em sua obra Na Luz da Verdade, a Mensagem do Graal (http://bit.ly/1k0vK3n), Abdruschin diz o seguinte na dissertação “Lei da Criação: Movimento”: “Indico aqui como exemplo aqueles casos de vida laboriosa onde não haja exagero desnecessário, onde não haja a ânsia frenética pelo acúmulo de riquezas terrenas ou outros motivos para sobressair, que nunca deixam descansar realmente aqueles que trabalham. Quem se entrega como escravo a uma tal mania, esse encontra-se sempre sob alta tensão, atuando assim também de modo desarmonioso no vibrar da Criação. As consequências são aí idênticas às daqueles que vibram lentamente demais. Portanto, também aqui o áureo caminho do meio é o certo para cada um que quiser viver direito nesta Criação e na Terra.”
O ensinamento também emerge no florescimento das virtudes legítimas. O contrário da covardia não é acaso a precipitação inconsequente, como seu extremo absoluto, mas sim a coragem consciente. Legítima humildade brilha entre as falhas diametralmente opostas da presunção e da submissão. Serenidade está a meia distância da tensão e da apatia.
Procuremos, pois, reconhecer corretamente o caminho do meio e seguir por ele em nossa passagem pela Terra, pois ele é a chave mais simples, mais singela para podermos viver em conformidade com as leis universais.
“Por toda parte a harmonia é a única coisa certa. E unicamente o caminho do meio proporciona harmonia em tudo.” (Abdruschin – Mensagem do Graal).
(Conheça as obras publicadas pela Ordem do Graal na Terra. Acesse: http://bit.ly/ogt-catálogo.)