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“Talento” aqui não no sentido de habilidade ou aptidão, mas sim como denominação de uma unidade de peso e monetária existente na época de Jesus, na qual ele se baseou para elaborar uma de suas mais significativas parábolas: a “Parábola dos Talentos” (bit.ly/2ixKbnI).
Esse “talento” relaciona-se à própria origem da criatura humana: o germe espiritual, a partir do qual o espírito se molda e se desenvolve, aperfeiçoando-se por meio de vivências no mundo material, até tornar-se apto a “regressar à Casa do Pai”, conforme mais uma vez esclarece o Mestre na “Parábola do Filho Pródigo” (bit.ly/2j5RHDl).
Esses germes ou sementes existem na pátria espiritual do ser humano – a morada da Casa do Pai denominada Paraíso, e de lá se dirigem para a materialidade a fim de se desenvolverem. Não é, portanto, nenhum castigo esse fenômeno de aparente “expulsão do Paraíso”, pois isso se dá naturalmente, num bem determinado grau de maturação desses germes ou sementes espirituais.
Por conseguinte, podemos dizer que o ser humano traz em seu íntimo uma centelha espiritual, como coração vivo de seu espírito em processo de desenvolvimento. Mas não traz nada de divinal, não tem consigo nada de divino e nem nunca terá. O espiritual humano é parte da ‘obra’ do Onipotente, de Sua Vontade criadora – o Espírito Santo, porém não possui nada diretamente do próprio Criador. Sobre isso, diz Abdruschin em “Na Luz da Verdade” – a Mensagem do Graal (bit.ly/Mensagem-OGT):
“Tome-se, para comparação, a vontade própria. Trata-se dum ato e não duma parte do ser humano, pois do contrário teria cada criatura humana que se ir desmanchando com o tempo em seus múltiplos atos de vontade. Nada acabaria restando dela.
Não é diferente em relação a Deus! Sua vontade criou o Paraíso! Sua vontade, porém, é o Espírito, que se designa por “Espírito Santo”. O Paraíso, por sua vez, foi apenas ‘obra’ do Espírito, e não uma parte dele próprio. Com isso se constituiu uma graduação para ‘baixo’. O Espírito Santo criador, isto é, a vontade viva de Deus, não foi absorvido por sua Criação. Tampouco lhe cedeu uma parte de si mesmo, pelo contrário, permaneceu inteiramente ‘fora’ da Criação. Isso a Bíblia esclarece nitidamente com as palavras: “O Espírito de Deus pairava sobre as águas”, não o próprio Deus em pessoa! Isto, pois, é muitíssimo diferente. Por conseguinte, o ser humano também não contém dentro de si nada do próprio Espírito Santo, mas sim somente do ‘espírito’, que é uma obra, um ato do Espírito Santo.”
Essa verdade, contudo, não significa para nós uma limitação. Pelo contrário. Trazemos em nosso íntimo uma partícula da obra espiritual do Criador, uma dádiva de Seu Amor, originada de Sua Vontade perfeita. O Espírito Santo não foi absorvido pela Criação, mas ela está impregnada da Vontade dele, pois surgiu de sua irradiação. Por isso, a obra do Criador tende naturalmente para o desenvolvimento e a perfeição crescentes.
Assim, se sintonizarmos nossa vontade mais íntima com essa Vontade que nos deu origem, sem obscurecê-la ou restringi-la por direcionamentos errados, atuaremos automaticamente de acordo com as leis que o Espírito Santo inseriu na Criação. E é somente dessa maneira que o nosso talento original espiritual poderá render “juros sobre juros”. Deixar o espírito atuar livremente dentro de si é permitir que ele evolua, pois como obra do Espírito Santo ele tende naturalmente para o desenvolvimento. “Ele nem ‘poderá’ então fazer outra coisa a não ser seguir para as alturas, pois por sua própria contextura será atraído com segurança para cima.”, esclarece novamente Abdruschin.
E isso, por sua vez, nos trará infalivelmente, como efeito recíproco, o que essa mesma Vontade criadora deseja para todas as suas criaturas, sem distinção: paz, felicidade e reconhecimento espiritual crescente em nossa peregrinação pelos caminhos de desenvolvimento. Até, finalmente, podermos estar de volta em Casa.
(Conheça as obras publicadas pela Ordem do Graal na Terra. Acesse: bit.ly/livros-OGT.)