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Pendor é aquilo que pende, que está dependurado. Essa situação acontece literalmente com a alma humana quando ela se deixa atrair por atividades pouco limpas, das quais há inúmeras. Contam-se aí não apenas os vícios de várias espécies, como o fumar, o beber, jogatinas, sexo, mas também qualquer predileção especial por algo terreno, como o desejo intenso de acumular dinheiro ou bens, a vontade de sobressair e ser alvo de admiração, o colecionismo desenfreado, a inclinação para o oculto e o místico, e muitas, muitas outras.
Quem se deixa envolver por pendores não tem mais tempo nem vontade de cuidar da vida espiritual. Essa falta de disposição do espírito faz com que a alma se torne mais densa e pesada, de tal sorte que após a morte ela afunda para regiões igualmente densas e lúgubres, por efeito da Lei da Gravidade Espiritual (http://on.fb.me/1RjI2At). Fora da Terra de matéria grosseira não existe mais o corpo físico retardando os efeitos recíprocos, mas sim tudo se torna imediatamente vivência, de acordo com o estado da alma. Por isso, é extremamente difícil nessas circunstâncias livrar-se de um pendor a ela aderido. A alma corre o risco de permanecer retida em regiões inferiores, consentâneas à sua igual espécie, até ser arrastada ao círculo de decomposição, que destrói a personalidade, o ‘eu’ pessoal consciente. A culpa de um destino assim tão trágico é, evidentemente, do próprio espírito humano, de sua indolência e vontade errada.
Além disso, outra lei da Criação atua também nessa situação tão séria: A Lei de Atração da Igual Espécie (http://on.fb.me/1IMhHLg). Ela faz com que os pendores aderidos à alma se robusteçam cada vez mais pela atração de elementos semelhantes, influenciando poderosamente o respectivo ser humano e levando-o a entregar-se ainda mais vertiginosamente ao mesmo pendor ou pecado. E assim acontece de um tal fustigado pecador ter seu livre-arbítrio ‘atado pelo pendor’, porque sua vontade seguirá sempre naquela mesma presumível direção errada, escrava que está dessa forte tendência para mal, dessa inclinação vigorosa para o erro, alimentada e cultivada por ele mesmo. Seu livre-arbítrio encontra-se assim tolhido, atado, escravizado, incapaz de cumprir sua função primordial de auxílio no desenvolvimento ascensional do espírito.
A pessoa em questão só ficará livre dessa influência estorvante quando os pendores forem radicalmente extintos de sua alma, e não apenas amortecidos por vontade mental. A bem-intencionada vontade mental não é capaz de fazer mais do que cortar uma das cabeças dessa poderosa Hidra de Lerna do pendor (http://on.fb.me/1EdZy3K), a qual inevitavelmente renascerá com todo o vigor na primeira oportunidade gerada por uma tentação qualquer. A Hidra é apenas atordoada desse modo, mas continua viva, firme e forte.
No Antigo Testamento, a culpa como responsabilidade diante do Criador é expressa pelo termo hebraico ‘asham’, cujo significado é “responsabilidade que permanece até a culpa ser removida”. Unicamente uma firme vontade espiritual, uma vontade interior ardente para o bem e, sobretudo, perseverante, pode extirpar de vez todas as cabeças dessa quase invencível serpente do pendor e, com isso, remover a culpa em definitivo. Somente assim o livre-arbítrio se tornará realmente livre, libertado de todas as más influências dos pendores.
A vontade espiritual permanente no sentido do bem elimina pouco a pouco os pendores terrenos, auxiliando a criatura a ascender espiritualmente, o que, por fim, redundará na obtenção da vida eterna, objetivo último do espírito humano em sua peregrinação pelas muitas moradas da Casa do Pai.
A manutenção permanente dessa vontade pura é tanto mais importante agora, na época do Juízo Final (http://on.fb.me/1dSlfiQ). Pois o Juízo força tudo a se evidenciar, obriga tudo aquilo que está aparentemente morto e sepultado no espírito humano, todas suas falhas e pendores, a despertarem para a vida, a se manifestarem. É esse o sentido da expressão: “Teus mortos, porém, reviverão! Seus cadáveres irão se levantar!” (Is26:19). Isso significa que tudo quanto está morto na alma humana reviverá durante o tempo do Julgamento.
Procuremos, pois, viver em conformidade com as leis da Criação, mantendo sempre acesa nossa vontade para o bem, sempre purificada, voltada exclusivamente para o que é bom e nobre. Só tem valor a vontade de quem tem vontade.
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