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Mais de dois mil anos nos separam de um ensinamento capital, simples e lógico que, quando cumprido, é capaz de conduzir e proteger o espírito humano em sua peregrinação pelos planos da Criação, elevando-o a paragens cada vez mais luminosas, até aos portais de sua pátria espiritual. Diz o preceito: “Ama teu próximo como a ti mesmo!” (Mt22:39).
Em sua obra Na Luz da Verdade – a Mensagem do Graal (bit.ly/Mensagem-OGT), Abdruschin transmite esse mesmo ensinamento numa forma adaptada à época atual, esclarecendo também as consequências do seu não cumprimento. Diz o preceito: “Concedido vos é peregrinar através da Criação! Caminhai de tal maneira que não causeis sofrimento a outrem, a fim de satisfazer com isso qualquer cobiça! Do contrário entrarão fios no tapete de vossos caminhos, que vos impedem a escalada aos páramos luminosos da atividade consciente e cheia de alegria, nos jardins de todos os reinos do vosso Deus!”.
Na sequência, Abdruschin explica que aquilo que se compreende por ‘cobiça’ já foi claramente dito nos Dez Mandamentos. Podemos lembrar, sobretudo, do 5º e 8º mandamentos, cuja abrangência é muito maior do que geralmente se supõe (bit.ly/Mandamentos-OGT). Ele ainda adverte que não devemos entender essa cobiça de forma muito unilateral:
“Não deveis, todavia, considerar a cobiça de maneira por demais unilateral. Não se refere apenas a bens terrenais e ao corpo, mas também à cobiça de difamar a reputação de vosso próximo, dar lugar às próprias fraquezas e tantas coisas mais!
O dar lugar às próprias fraquezas, porém, é exatamente hoje ainda muito pouco considerado, e, contudo, faz parte da satisfação da própria cobiça, para prejuízo ou sofrimento de vosso próximo! Espessos são os fios que aí se entrelaçam, detendo assim cada alma que tenha atuado dessa maneira.
Fazem parte disso a desconfiança e a inveja, a irritabilidade, a grosseria e a brutalidade; numa palavra, a falta de autodomínio e de educação, que não significa outra coisa senão a indispensável consideração para com o próximo, a qual tem de existir onde a harmonia deva permanecer. E unicamente a harmonia beneficia a Criação e vós próprios!”
No início desse trecho destacado, Abdruschin assevera que a cobiça consiste em dar lugar às próprias fraquezas e ‘tantas coisas mais’.
Tantas coisas mais!… O que seriam todas essas coisas a mais? Certamente são relevantes. Sim, são importantes seguramente, porque se as praticarmos de alguma maneira, seja por descuido, negligência ou ignorância, estaremos igualmente atando fios no tapete do nosso destino, que nos impedirão de ascender espiritualmente.
Não é muito difícil imaginar o conjunto de tais coisas, pois todas elas terão uma característica comum: causam, de um modo ou de outro, de maneira visível ou não, algum tipo de sofrimento ao nosso semelhante. Vamos enumerar algumas, e o leitor poderá por si mesmo acrescentar outros itens à lista:
- Estabelecer um julgamento do próximo baseado exclusivamente em aparências e informações externas, sem procurar saber antes, em profundidade, o que o teria levado a evidenciar determinada atitude. E mais: se com base apenas nesses dados superficiais tivermos até tomado uma ação retaliatória ou admoestadora, então nossa situação será ainda pior, pois teremos agido de forma injusta e negligente.
- Não fazer uso de uma posição ou situação privilegiada, e também das próprias capacitações, para auxiliar o próximo de alguma maneira numa dada situação. Não importa se por comodismo, por um falso sentimento de ‘justiça’ ou por qualquer outra razão. Uma tal omissão também acarreta prejuízo a outrem, pois a dor ou sofrimento dele poderiam ter sido facilmente evitados com uma resolução bem direcionada.
- Emitir pensamentos e sentimentos desabonadores e negativos em relação ao próximo, independentemente de ele ter dado ou não causa a isso. As leis da Criação nunca perguntam pelas nossas motivações, mas simplesmente avaliam se o que colocamos no mundo é ou não algo bom, se está ou não fundamentado na verdade e se promove o bem geral. Claro que não vamos compactuar com qualquer tipo de erro ou falha evidente, mas não devemos, ou melhor, não podemos nunca emitir algo trevoso por conta disso. Devemos nos lembrar sempre de que essas mesmas leis universais são infalíveis, e que trarão a cada um o retorno justo de seus atos.
- Praticar ações desabonadoras e negativas em relação ao próximo, independentemente de ele ter dado ou não causa a isso. Aqui não se trata apenas de atos visíveis perpetrados em prejuízo de nosso semelhante, não importa por qual motivo. Mas também qualquer palavra impensada passível de causar um sofrimento de alma. E atenção: até mesmo um único olhar enviesado tem capacidade de provocar uma dor profunda na alma alheia, de ferir o próximo muito gravemente.
- Adotar um comportamento ‘preventivo’ em relação a alguém sem fazer uso prévio da intuição espiritual, ou, o que vem a dar no mesmo, considerando os sentimentos surgidos da atividade cerebral como sendo a ‘voz da intuição’. Esse comportamento preventivo pode assumir inúmeros formatos, inumeráveis mesmo. Não é possível listá-los. Apenas um exemplo: Permanecer sempre ostensivamente frio e distante em relação ao próximo, evidenciando menosprezo e desinteresse contínuos, para que ele saiba e conheça muito bem o ‘seu lugar’ e não se envaideça por qualquer motivo.
- Deixar crescer na alma a mágoa e o ressentimento, permitindo que pensamentos de indignação se fortaleçam contra algo ou alguém. Novamente, não importa a causa. Esses pensamentos negativos alcançam seus alvos e podem, sim, provocar inquietação ao próximo.
Tanta coisa mais… Tanta coisa mais! Todo cuidado e atenção são poucos para não prejudicarmos nosso próximo de alguma maneira. Permaneçamos, pois, absolutamente vigilantes, tanto terrenal como espiritualmente.
Sejamos, sobretudo, humildes para reconhecer nossos erros em relação aos semelhantes e pratiquemos, antes de mais nada, a orientação que também nos foi dada há mais de dois mil anos pelo maior dos Mestres: “Velai e Orai!” Se fizermos isso com sinceridade de alma e coração aberto, então nossa intuição se fortalecerá cada vez mais e, com ela, florescerá um límpido sentimento de justiça, que jamais deixará que causemos um sofrimento qualquer a uma outra pessoa.
Roberto C. P. Junior (instagram.com/robpucci/)
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