Nota introdutória
Neste ensaio, todos os trechos em destaque foram extraídos da obra Na Luz da Verdade, a Mensagem do Graal de Abdruschin. Os trechos retirados da Mensagem não têm a finalidade de ilustrar o texto, mas sim dá-se o contrário: eles foram coletados e organizados de modo a evidenciar que o presente ensaio está em conformidade com os ensinamentos contidos na obra de Abdruschin.
Sempre que a palavra “dissertação” é mencionada, o autor está se referindo à Mensagem do Graal. No final dos trechos destacados, aparece o respectivo título da dissertação entre parênteses.
Já se disse muitas vezes que a vida é uma escola, e que as experiências que nela encontramos, algumas vezes um tanto amargas, são como provas ou provações que somos obrigados a enfrentar para podermos passar de ano.
De fato, a vida pode ser encarada como uma grande escola, que deve servir para a educação, aprimoramento e evolução do espírito humano. Contudo, as dores de qualquer tipo foram nela colocadas pelos próprios alunos. Não fazem parte da grade curricular, nem nunca fizeram. Não é imprescindível, absolutamente, que uma pessoa precise experimentar sofrimentos e dores de qualquer espécie para poder progredir espiritualmente.
As dores até podem servir de degraus para a ascensão, quando a respectiva pessoa reconhece como justo o que a atingiu e toma a firme resolução de não mais agir de uma determinada maneira errada, para que não precise voltar a sofrer do mesmo modo. No entanto, as dores não são uma contingência indesviável no processo de desenvolvimento do espírito humano.
“Quando aí se diz que sofrimentos ajudam a ascender e que por isso constituem graças de Deus, fica com isso assim acolhido um pequeno grãozinho de Verdade, mas de maneira dissimulada, malevolamente deturpada. Pois Deus não quer quaisquer sofrimentos do Seu povo! Quer apenas alegria, amor e felicidade! O caminho na Luz nem pode ser de outra maneira. E o caminho para a Luz só apresenta pedras quando a criatura humana aí as coloca.
O grãozinho de Verdade na doutrina do sofrimento é que com o sofrer pode ser remida alguma culpa. Mas isso só acontece quando uma pessoa reconhece conscientemente tal sofrimento como merecido! Igual ao ladrão que implorou na cruz.”
(Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem!)
A doutrina do sofrimento indispensável é, por conseguinte, falsa. Os aparentes “castigos” e “provações” que experimentamos durante o curso em que estamos matriculados — o curso da vida — não decorrem, pois, de nenhuma diretriz da própria escola, mas sim foram gerados por nós mesmos.
Também o que levamos do curso não é como nas escolas comuns. No curso da vida, o que conta é exclusivamente aquilo que foi vivenciado, e não o que foi aprendido. O que foi aprendido só terá algum valor fora dessa vida se associado a alguma vivência marcante, que tenha deixado uma marca indelével na alma. O que conta não é o aprendido, mas as possíveis vivências associadas a esse aprendizado, capazes de deixar marcas, boas ou ruins, na alma. Essas marcas, sejam oriundas de dor ou de alegria, é que constituem o verdadeiro diploma do curso da vida. Todo o restante do aprendizado fica para trás, por mais difícil que tenha sido sua aquisição, extinguindo-se com a morte terrena.
“Só tem finalidade e proveito para o ser humano, o que não devemos tomar aqui na acepção do corpo material, aquilo que durante sua existência terrena atuou com bastante profundidade, imprimindo-lhe na alma seu cunho particular, indelével e permanente. Somente tais impressões têm influência sobre a formação da alma humana, e assim, prosseguindo, influem também sobre a evolução do espírito em seu desenvolvimento permanente.”
(Era uma vez…!)
As vivências têm o condão de impulsionar o desenvolvimento de cada um dentro da grande escola da vida, desde que adequadamente assimiladas. Elas podem e devem servir para nos ajudar a galgar os degraus da escada da ascensão espiritual. E cada vez que subimos, ajudamos também a embelezar e aperfeiçoar a própria escola, isto é, a obra da Criação em que vivemos.
A finalidade última da escola da vida, nos seus vários estágios no Aquém e no Além, consiste na autoconscientização plena do espírito humano, assunto tratado em outro ensaio. Vamos abordar aqui uma das principais características desse processo, que é a consciência humana, o sentimento que cada um experimenta como sendo o seu “eu”.
A visão da maior parte dos cientistas — particularmente hoje dos neurocientistas — é a de que o cérebro determina a mente, e que ela, a mente, é que constitui a sede do “eu”. Essa concepção, estritamente materialista, ultrapassou as graduações de filosofia e enveredou por especializações, mestrados, doutorados, pós-doutorados e livre-docências.
Recentemente, um renomado neurocientista asseverou que a autoconsciência está localizada na “região ventromedial” do córtex cerebral, pois, no dizer dele, essa região é “consistentemente ativada quando pensamos em nós próprios: se somos bonitos ou feios, se estamos felizes ou tristes, se o nosso desempenho de ontem no trabalho foi bom ou ruim.” De acordo com essa ideia, todos nós não somos mais do que meros córtex ventromediais vivendo em sociedade…
A doutrina que estabelece que a ação organizada e integrada de inúmeros circuitos cerebrais é a base da consciência humana, isto é, que a consciência seria apenas um dos vários produtos da atividade do sistema nervoso, é conhecida como “reducionismo”. Um nome bastante apropriado, sem dúvida, a indicar de modo preciso a redução da visão e compreensão do ser humano dos tempos atuais, fortemente atado pelo seu raciocínio aos limites de espaço e de tempo da matéria.
A rigor, podemos dizer que houve uma mudança histórica na concepção da localização da sede do “eu”. Ele pulou do coração, na época do antigo Egito, para o cérebro, na presente época de seres humanos de raciocínio. A virada se deu no período do Iluminismo, no século XVIII, o chamado “Século das Luzes”, período em que a única luz a guiar a humanidade foi a chama bruxuleante de seu raciocínio supercultivado, enquanto que o outrora cristalino brilho da intuição espiritual esmaecia por completo.
Os antigos egípcios removiam os órgãos e os cérebros dos corpos a serem mumificados, mas não os corações, porque acreditavam que a alma residia neste órgão. Ambos os grupos emblemáticos do saber humano em suas respectivas épocas — os antigos egípcios e os modernos neurocientistas — estão, porém, completamente equivocados em suas concepções. O primeiro, pela torção do verdadeiro saber sobre a vida no além, já totalmente perdido naquela época longínqua, e o segundo por sequer dispor ainda de um resquício de saber sobre a vida além da matéria, à qual estão chumbados voluntariamente.
As imagens de ressonância magnética, recebidas com mal contido entusiasmo por pesquisadores materialistas durante a chamada “década do cérebro”, nos anos 1990, nunca forneceram prova alguma de que a consciência é gerada pela atuação das redes de neurônios. O que os neurocientistas conseguiram mapear foram regiões do cérebro mais ou menos ativas quando a sensação do “eu” se manifesta de algum modo no corpo físico, pelo maior afluxo de sangue em determinadas áreas do encéfalo. Dizem eles que o sentimento do “eu no espaço” estaria associado ao córtex parietal medial; o “eu em ação” ao lobo parietal inferior esquerdo; o “eu em interação social” ao lobo parietal superior; o “eu em representação corporal” ao córtex parietal inferior direito, e o “eu no ambiente” ao córtex cíngulo anterior. Córtex é uma palavra latina que significa “casca”, correspondendo à camada mais externa do cérebro, com uma espessura variando de 2 a 4 mm. É a região mais sofisticada e complexa de processamento das redes de neurônios. Estima-se que cada milímetro quadrado abaixo da superfície do córtex seja dotado de aproximadamente 147 mil neurônios.
Cada um de nós, claro, é um indivíduo bem determinado, uma pessoa por inteiro, com vontade e percepção próprias. Cada um de nós percebe nitidamente o sentimento do “eu” durante toda a vida. Como, à vista disso, ele poderia estar associado a um corpo perecível?… Se fosse assim, esse sentimento teria de alterar-se também com o passar dos anos. Teria de sofrer o efeito da velhice e mostrar-se por fim debilitado e enrugado. E nos anos da infância, no período em que o cérebro ainda está se desenvolvendo e formando suas ligações, não poderia haver ainda nenhum sentimento de “eu”, caso esse sentimento dependesse do próprio cérebro. Entretanto, o eu é uma das palavras que a criança pronuncia mais amiúde, à medida que vai descobrindo o mundo a seu redor e interagindo com ele. Na adolescência, quando o espírito passa a se fazer valer plenamente, este sentimento do “eu”, o sentido da personalidade autônoma, consciente e responsável, passa a ser percebido integralmente pela criatura humana; e a partir daí não muda mais.
“Teu corpo não significa bem tu próprio, não é o teu ‘eu’ completo, e sim um instrumento que escolheste ou que tiveste de tomar segundo as leis respectivas da vida espiritual, às quais poderás chamar também leis cósmicas, caso assim te pareça mais compreensível. A respectiva vida terrena é somente um curto espaço da tua existência real.”
(O Silêncio)
O sentimento do “eu” não muda durante o restante da vida terrena, não se altera com o passar dos anos, ao contrário, permanece sempre o mesmo. O cérebro vai perdendo agilidade com o tempo, a memória falha, as articulações rangem, os órgãos trabalham mais lentamente, mas o sentimento do “eu” não muda. Não muda porque não provém de parte alguma do corpo material terreno, mutável e perecível, e sim unicamente do espírito.
“Tu também, ó ser humano, és sempre apenas o mesmo, quer pareças jovem ou já sejas velho! Permaneces aquele que és! Tu próprio já não o percebeste? Não notas nitidamente uma diferença entre a forma e o teu ‘eu’? Entre o corpo, que é sujeito a alterações, e tu, o espírito, que é eterno?”
(Despertai!)
Mesmo em estados demenciais, a respectiva pessoa continua a se perceber como uma consciência autônoma, embora tenha dificuldades em relacionar-se com o meio em que vive. A própria neurociência já constatou que a apatia, a amnésia, a afasia (dificuldade de fala) e a demência não impedem respostas adequadas aos estímulos convencionais, de modo que a consciência permanece preservada nessas condições. Isso a neurociência sabe. O que ela não sabe é que mesmo nas situações em que a pessoa não consegue responder a um determinado estímulo, ela ainda possui sua consciência individual, visto o sentimento do “eu” não estar vinculado às condições de saúde do corpo físico.
Este “sentimento do eu”, bem entendido, é um profundo sentimento intuitivo, portanto proveniente do próprio espírito. É oriundo de nosso âmago mais íntimo, em nada semelhante aos sentimentos que experimentamos vez por outra relacionados ao raciocínio, os quais surgem quando nossos pensamentos atuam sobre os nervos do corpo. Poderíamos chamar esse “sentimento do eu” intuitivo também de “sentido do eu”, ou “sensação do eu”. Ele provém do lento processo de conscientização do espírito humano em seus caminhos de evolução.
O fato de nos ser permitido dizer “eu” indica um inalienável direito de liberdade, associado à mais absoluta responsabilidade pessoal em relação a tudo quanto pensamos, falamos e fazemos. Responsabilidade advinda do livre-arbítrio espiritual.
“A vida terrena é uma escola onde ao ‘eu’ de cada um é dada a possibilidade de desenvolvimento conforme seu próprio livre-arbítrio.”
(Ascensão)
“É da vontade de Deus que o ser humano se desenvolva, transformando-se incondicionalmente em uma personalidade própria, com a mais pronunciada consciência de responsabilidade para com o seu pensar, seu querer e seu atuar!”
(Conceito de família)
“Afirmo que Deus quer ter espíritos vivos na Criação, conscientes de sua própria responsabilidade, assim como está nas leis primordiais da Criação!”
(Fiéis por hábito)
Um livre-arbítrio realmente livre, liberto de sofismas intelectivos, é o melhor juiz para indicar o caminho da ascensão ao “eu” espiritual.
“Se o ser humano não concedesse ao raciocínio, sempre de novo, predomínio ilimitado, poderia o livre-arbítrio, com a visão mais ampla de seu verdadeiro ‘eu’ espiritual, indicar ao cérebro do raciocínio a direção oriunda da fina intuição.”
(O ser humano e seu livre-arbítrio)
Responsabilidade e livre-arbítrio! Dois conceitos indissociáveis do espírito que adquiriu a consciência do existir pessoal, ou seja, a autoconsciência.
A autoconsciência! Mas o que é, exatamente, “autoconsciência”? O que é, aliás, uma consciência?…
Consciência é a ciência de si mesmo. Autoconsciência é a consciência individual adquirida pelo “eu” pessoal, a prerrogativa do espírito humano que se desenvolveu na escola da vida! Escola que abrange o Aquém como e o Além, e que ajuda a formar o “eu” consciente do espírito. Este “eu” adquirido só estará completo, só estará plenamente amadurecido e perfeito, quando integralmente purificado de todos os erros aderidos a si durante sua passagem pela escola. Só então estará apto a deixar a escola e ingressar na verdadeira vida, no reino do espírito.
Durante o seu curso na escola, o “eu” espiritual pode decidir, segundo sua vontade, se tomará o caminho da ascensão espiritual, que é o caminho natural do desenvolvimento, ou se permanecerá vagando nos mundos materiais, seja no de matéria grosseira visível ou no de matéria mais fina.
“Conforme o estado espiritual do ser humano no mundo de matéria grosseira, bem como no de matéria fina, terá o ser humano espiritual, o ‘eu’ propriamente dito, de se movimentar para as alturas ou permanecer acorrentado à matéria.”
(O mundo)
Essa matéria fina mencionada por Abdruschin é um tipo diferente de matéria, mais sutil do que a matéria a nós visível e sensível, por ele denominada matéria grosseira. Os mundos de matéria fina constituem as regiões do Além onde a alma ingressa após o falecimento terreno, depois de passar pelas regiões mais finas da matéria grosseira, usualmente também não distinguíveis pelos nossos órgãos corpóreos. Nosso corpo físico é constituído da mais densa matéria grosseira, que poderíamos chamar matéria grosseira absoluta.
O “eu” pessoal autoconsciente é uma prerrogativa espiritual, é uma característica adquirida paulatinamente pelo espírito humano. Isso não acontece com os animais, por exemplo.
“O animal também é consciente, contudo, nunca autoconsciente!”
(Germes espirituais)
O animal possui, sim, consciência da vida que se desenrola ao seu redor. Sente fome, sede, medo, cansaço. Porém, ele não pode aperfeiçoar essa sua consciência mediante deliberações próprias, por meio de decisões e resoluções. O animal não se sente como uma parte singular e ao mesmo tempo integrante do mundo em que vive, não é ciente da individualidade do próprio existir. Esta, somente o espírito humano desenvolvido possui aqui na Terra.
É o espírito humano que adquire autoconsciência, bem entendido, e não o corpo humano. Se o corpo humano, ou o cérebro, tivesse algo a ver com a autoconsciência, então o chimpanzé certamente também seria autoconsciente, já que mais de 96% dos três bilhões de genes desse primata são idênticos aos encontrados no DNA humano.
“Também hoje os mais obstinados materialistas não admitiriam a hipótese de parentesco direto com um animal e, entretanto, hoje como outrora, permanece um estreito parentesco corporal, isto é, igual espécie grosso-material, ao passo que o ser humano realmente ‘vivo’, o seu ‘eu’ propriamente espiritual, não apresenta nenhuma igual espécie com o animal e tampouco é uma derivação dele.”
(A criação do ser humano)
Somente o espírito humano adquire a autoconsciência, mediante as vivências que encontra em seus caminhos de desenvolvimento. Uma autoconsciência, aliás, que tanto pode se desenvolver para o lado do bem como para o lado do mal. Se for desenvolvida para o lado do bem, o espírito humano portador dessa autoconsciência poderá continuar a existir e a se aperfeiçoar cada vez mais, progressivamente, dentro da imensa obra da Criação. Mas se for para o lado do mal, ele terá, por fim, de ser aniquilado e perder essa autoconsciência adquirida, por inútil e nociva. Sua autoconsciência terá de ser extinta nesta situação, precisará ser apagada, para que o seu portador não possa mais continuar a perturbar outras autoconsciências que procuram se desenvolver do modo certo. Esse processo, a morte espiritual, não obstante sua terribilidade, é também inteiramente natural, integralmente inserido dentro do atuar das leis da Criação, decorrente das escolhas próprias do atingido.
A consciência, portanto, é uma faculdade espiritual, nada tendo a ver com o cérebro anterior. O cérebro anterior é o cérebro propriamente dito, o grande cérebro que todos conhecemos, enquanto que o cérebro posterior, ou cérebro da intuição, é o chamado cerebelo, palavra oriunda do latim que significa “pequeno cérebro”.
Segundo Abdruschin, o cerebelo foi se atrofiando ao longo do tempo. Isso ocorreu em virtude da atuação da lei de adaptação, originária da lei do movimento, que só robustece aquilo que é exercitado de alguma maneira. Já desde épocas imemoriais a criatura humana vem utilizando predominantemente o cérebro anterior, a sede do raciocínio, deixando de ouvir a “voz do espírito”, a intuição, cuja ponte para o mundo material é justamente o cerebelo. Essa situação provocou a hipertrofia do cérebro anterior e a concomitante atrofia desse cérebro posterior, que permite a atuação da vontade espiritual na matéria.
“O atual ser humano de raciocínio não é mais uma criatura humana normal, pois falta-lhe todo o desenvolvimento da parte principal do seu cérebro, pertencente ao ser humano completo; isso devido à atrofia processada durante milênios.”
(Era uma vez…!)
Em tempos idos, algumas personalidades tentaram descobrir a ponte para a vontade espiritual, a manifestação do “eu” consciente do ser humano, ou a localização da sede da consciência. René Descartes (1596 – 1650), considerado o fundador da filosofia moderna, supunha que a consciência estava localizada na glândula pineal. Platão supunha que o elemento de ligação da alma com o corpo era a medula espinhal. Blaise Pascal, físico, matemático e filósofo francês do séc. XVII, imaginava que o ponto de ancoragem da alma humana no corpo estava localizado na parte de trás da cabeça…
Na verdade, o ponto de ligação da alma com o corpo está localizado no plexo solar, local onde por primeiro se manifesta a intuição espiritual, a qual segue então imediatamente para o cerebelo (situado, sim, na parte de trás da cabeça) e, a partir daí, para o cérebro anterior.
O cerebelo, na realidade, é o próprio canal para a recepção da vontade espiritual, por meio da intuição. Ou pelo menos deveria ser, se não tivesse sofrido esse trágico processo de atrofia ao longo de milênios, pelo desuso continuado. Como mero efeito da lei da adaptação, já reconhecida parcialmente por Darwin, o cerebelo foi definhando mais e mais com o tempo, a ponto de hoje mal poder cumprir sua incumbência fundamental, enquanto que o cérebro anterior, ao contrário, foi se expandindo também cada vez mais.
Como esse atrofiamento do cérebro posterior se deu por vontade própria do ser humano e não como uma contingência normal do processo de desenvolvimento da vida na matéria — onde a lei da adaptação atua aperfeiçoando as características das espécies—, esse procedimento nefasto constituiu, na realidade, um pecado contra as leis de Deus, uma involução, marcando o começo do descalabro da humanidade. Foi esse o assim chamado pecado original. E por efeito ainda dessa lei da adaptação, a hipertrofia do cérebro anterior (e consequente atrofia do cerebelo) passou a ser transmitida hereditariamente, constituindo então o pecado hereditário da humanidade.
Essa lei da adaptação atua em toda a Criação, sem nenhuma exceção e, por conseguinte, também em todos os aspectos da vida humana.
“Os seres humanos só se arrastam ainda pelo chão, enquanto que a sua força propulsora para as alturas já desde muito os abandonou, porque não a utilizaram, não a aproveitaram mais, desde que o raciocínio, que os prendeu à Terra, passou a ser considerado por eles como o mais elevado.
Com isso tínheis de incorrer na lei da adaptação, que atua automaticamente na matéria. Passa-se convosco como com os animais, aos quais primeiro se atrofiam lentamente as suas asas, desaparecendo depois por completo se nunca forem utilizadas, ou como nos peixes, cujas vesículas natatórias para subir e parar na superfície se perdem com o tempo, quando estes se detêm permanentemente no fundo, por causa das correntezas demasiadamente fortes da água.
Naturalmente isso não se efetiva depressa, de hoje para amanhã, mas somente no decorrer de séculos e até de milênios. Mas efetiva-se. E no espírito humano isso já se efetivou!”
(No limite da matéria grosseira)
Os exemplos de atuação dessa lei da adaptação, corolário da lei do movimento, são múltiplos, inúmeros. Se algo não é utilizado, invariavelmente atrofia e perde a função; se é utilizado, mantém-se útil e funcional, podendo tornar-se até especialmente afiado se mantido em permanente movimentação. Os esquimós, por exemplo, conseguem perceber vários tons de branco que são completamente invisíveis para quem não mora naquelas imensidões geladas. Também a visão dos povos selvagens de uma maneira geral, que vivem nas florestas, é muito mais apurada do que a do homem urbano, permitindo que enxerguem coisas existentes até nas camadas mais finas da matéria grosseria:
“Quem se encontra ainda em plano inferior não consegue ver também com os olhos enteais, tampouco com os de matéria fina, mas exclusivamente com os olhos de matéria grosseira, que nas selvas se vão tornando cada vez mais aguçados, devido à indispensável luta individual com seus semelhantes, com os animais e os elementos, podendo aí distinguir pouco a pouco também a matéria grosseira fina e a mais fina.”
(Deuses – Olimpo – Walhala)
Em sentido contrário à lei do movimento, parar significa estagnação, retrocesso, a que se segue a deterioração. Estes são os efeitos da desobediência a essa lei. Se um cantor não exercita sua voz, ela logo perde o timbre e a vivacidade; se deixarmos de falar ou escrever uma língua que tivermos aprendido, logo esqueceremos seus princípios básicos e teremos dificuldades crescentes em nos comunicar com ela; se um braço ficar engessado por muito tempo, ele se atrofiará e enrijecerá; se a água da chuva se acumular numa poça qualquer, apodrecerá em pouco tempo.
A utilização contínua de alguma coisa significa, por outro lado, movimento permanente, portanto o inverso da estagnação, o que contribui incisivamente para o desenvolvimento e a manutenção da funcionalidade. Vejamos alguns exemplos:
Os nadadores possuem o tórax muito maior e a musculatura das pernas e braços bem mais desenvolvida do que os das pessoas que não se dedicam a essa atividade física. Nos engenheiros e matemáticos, a região do cérebro responsável pelos cálculos, chamada “lobo parietal”, é significativamente mais desenvolvida do que nas pessoas de outras profissões. A região do cérebro que comanda os dedos extremamente exercitados da mão esquerda nos violinistas profissionais é muito maior do que a região responsável pelos movimentos dos dedos da mão direita. Os taxistas londrinos, obrigados a conhecer “de cabeça” mais de duas mil ruas da metrópole inglesa para poderem exercer sua profissão, apresentam o hipocampo direito — região do cérebro que guarda os mapas de navegação — muito mais desenvolvido do que em outras pessoas. Nos malabaristas, a região do cérebro envolvida na atenção espacial é bem maior do que a média. Crianças submetidas a treinamento musical apresentam modificações não somente nas áreas cerebrais envolvidas com os instrumentos musicais, como também nas regiões auditivas e na integração entre os hemisférios do cérebro.
A “neuróbica”, ramo da neurociência que trata de exercícios para o cérebro, estabeleceu taxativamente que quanto mais ativas forem as diferentes áreas do cérebro e suas conexões, tanto mais fortes e saudáveis elas se tornam. Em contrapartida, já se demonstrou que a falta de uso das sinapses ocasiona sua atrofia anatômica e fisiológica, com a consequente perda de funções, ao passo que a permanente utilização provoca seu crescimento e melhoria funcional. “A função faz o órgão!”, é o lema da neurociência. E assim é com tudo. No fim, trata-se sempre da efetivação de múltiplos modos da lei da adaptação, corolário da lei do movimento. Para finalizar, uma elucidativa constatação dum pianista: “Se deixo passar um dia sem tocar, eu noto; dois dias, meus amigos notam; uma semana, e todo mundo nota.”
“Essa lei do movimento indispensável o ser humano encontra por toda a parte, em milhares de formas, porém sempre se assemelhando em sua essência. Está presente em cada caso isolado e, não obstante, engrena-se reciprocamente em toda a Criação, por todos os planos, e mesmo o espírito necessita da prática ininterrupta dessa lei, se quiser continuar a manter-se vigoroso e ascender.”
(Cristo falou…!)
Assim como o corpo físico necessita de movimentação, o espírito também precisa se movimentar continuamente. Ambos precisam de movimento, tal como estabelece essa lei da Criação. Essa movimentação constante é a garantia de um paulatino aperfeiçoamento da autoconsciência do espírito.
De nada adianta, aliás, cuidar apenas de manter o corpo terreno em movimento, visando à manutenção da saúde, se, ao mesmo tempo, o espírito não estiver também se movimentando bem energicamente, o que só pode ocorrer quando ele coloca um elevado alvo espiritual diante de si, que ultrapasse as contingências e circunstâncias da vida na matéria. Em tempos remotos, quando o espírito do ser humano vibrava realmente nas leis da Criação, as pessoas viviam muito mais, sem conhecer doenças no final de suas vidas.
Dentre outras causas, a permanente inatividade espiritual, aliada a uma vida artificial voltada exclusivamente para o terrenal, subordinada quase que inteiramente ao intelecto, contribui para a eclosão de múltiplas doenças psíquicas, dentre as quais depressão, distúrbio bipolar, distúrbio do humor e ainda outros males psiquiátricos, e também, nos casos mencionados, para o recrudescimento do processo de atrofia do cerebelo, em virtude da atuação da lei do movimento, que só mantém saudável e útil aquilo que é exercitado continuamente, quer se trate de particularidades do espírito ou de órgãos do corpo terreno. O progressivo atrofiamento do cerebelo dificulta cada vez mais a atuação do espírito, de modo que o indivíduo se enreda num círculo vicioso espiralado para baixo, por culpa própria.
Muitas outras “doenças da mente” são, na verdade, doenças da alma, como um tipo de transtorno obsessivo-compulsivo em que o paciente apresenta uma mania recorrente de limpeza, lavando frequentemente as mãos, ou ainda a compulsão por tomar banhos seguidos. Essas pessoas procuram inconscientemente proceder a uma limpeza externa de algo que, na realidade, está sujo internamente, que são as suas próprias almas. Também as muitas “fobias” se originam em grande parte de medos aderidos à alma, em decorrência de traumas e vivências angustiantes ocorridas em outras vidas.
Alguns pesquisadores sustentam que os pensamentos constituam o próprio sentido do “eu”. Tal concepção é falsa. Os pensamentos não constituem o “eu” de cada um, mas sim são gerados pelo cérebro, obedecendo à vontade do verdadeiro “eu”, o espírito humano. Por isso, é de todo impossível que esse “eu” possa sobreviver como “formas-pensamentos”, como alguns supõem, porque essas configurações são apenas um produto do cérebro terreno, pertencente ao corpo físico, o qual, por sua vez, é apenas o invólucro mais externo do espírito.
Convém aprofundarmo-nos um pouco nas atuais tentativas de se desvendar o enigma da consciência. Pois, sabendo disso, ficará mais fácil assimilar a ideia de que a solução do enigma é muito mais simples do que supõem tantos pesquisadores.
Reconheça-se aí inicialmente, em alguns poucos casos (muito poucos mesmo), o esforço sincero em perscrutar algo da origem e formação da consciência individual. Sim, há tentativas sinceras de pesquisas nesse sentido, desprovidas de presunção e de arrogância, porém elas também esbarram nas naturais limitações impostas pelo raciocínio. Como este é um produto do cérebro terreno, não é capaz, devido à sua própria constituição, de vislumbrar coisas acima do tempo e do espaço terrenos, e muito menos de tirar conclusões sobre o que lá se encontra ou mesmo estabelecer alguma lei geral. Tal coisa lhe é absolutamente impossível. Seria como pretender que uma criatura unicelular pudesse compreender o Universo de três dimensões, com todas as suas galáxias e as leis da mecânica celeste.
Sobre essa atuação do raciocínio terreno, puramente material, cabe citar este trecho da dissertação “Fiéis por Hábito”:
“Ele age com isso exclusivamente segundo a sua espécie, por não poder de maneira diferente do que fazer desabrochar unicamente a sua espécie e desenvolvê-la à plena força, se ele é unilateralmente cultivado e colocado no lugar errado, ao lhe ser submetida irrestritamente toda a existência terrena.
E essa sua espécie é ligada à Terra; jamais será diferente, porque ele, como produto do corpo terreno, também tem de permanecer dentro dos seus limites, portanto, puramente de matéria grosseira terrena, pois a matéria grosseira não pode gerar o que é espiritual.”
Os artigos e livros científicos que se propõem explicar em termos médicos as experiências de quase morte, constituem mais uma das situações do uso do raciocínio num campo em que este não está absolutamente apto a atuar. Argumenta-se nesses casos, bastante conhecidos, aliás, que se trata de alucinações provocadas pela falta momentânea de oxigênio no cérebro.
Será isso mesmo?… Então que se encontre uma única testemunha de experiência de quase morte — na qual a pessoa se vê fora do corpo e frequentemente acompanha nitidamente o trabalho dos médicos —, que acredite piamente nessa explicação da ciência. Não haverá! Nenhuma! Porque a pessoa que passou por uma tal experiência de quase morte adquiriu a vivência pessoal do que aconteceu com ela. Ela sabe, sabe muito bem que não se tratou de nenhuma alucinação, mas sim que ela mesma passou por toda aquela experiência de sair de seu corpo numa situação crítica de saúde. Nenhum discípulo da ciência poderá convencê-la do contrário. Pois ela experimentou, ela vivenciou aquilo tudo, e assim a experiência passou a ser algo próprio dela, uma marca indelével em sua alma.
No ano de 2008, o neurocirurgião Eben Alexander, de 54 anos, contraiu um tipo grave de meningite e entrou em coma profundo, no qual ficou mergulhado por sete dias. Dr. Alexander era professor de medicina em Harvard e vinha estudando o cérebro há mais de 25 anos. Já analisara inúmeros casos de experiências de quase morte e, para todos eles, apresentara explicações científicas bem fundamentadas, segundo o enfoque das teorias correntes.
Até que aconteceu com ele…
Quando ele próprio teve uma experiência de quase morte durante o coma, sua opinião mudou drasticamente, para espanto dos colegas: “A morte é uma transição, não é o fim de tudo!”, afirmou. “A consciência existe além do corpo, e é muito mais rica fora dele.” Num primeiro momento, o médico até tentou encontrar uma explicação científica para o que havia acontecido, mas desistiu: “Não há como explicar, não foi alucinação, não foi sonho!”, asseverou enfaticamente. E a partir daí não mais se deixou levar pelas explicações usuais de seus colegas (e que até há pouco eram suas também), de que analgésicos e a baixa oxigenação do cérebro durante o coma acarretariam luzes e sons percebidos pela mente. Nem tampouco de que a experiência de quase morte seria apenas uma maneira de o cérebro lidar com um trauma grave.
Dr. Eben sabe agora que não é isso, que não pode ser nada disso. Seus pares deveriam refletir um pouco mais também, pois seu caso foi de fato muito significativo. Ele já estava sendo dado como morto, e acordou no momento em que a junta médica se reuniu com a família com o objetivo justamente de desligar os aparelhos e deixá-lo partir. Dr. Eben Alexander vivenciou o seu “eu” como o espírito que realmente é, e por isso ele agora sabe que esse sentimento não é provocado por nenhuma conexão química do seu cérebro. Ele sabe disso com a mais plena convicção, porque essa experiência ficou gravada em sua alma de modo indestrutível, tornando-se coisa própria e pessoal.
A ciência pode inventar as explicações que quiser, mas nada mudará doravante a convicção do Dr. Alexander, que até escreveu um livro para relatar sua experiência, intitulado Prova do céu: a jornada de um neurocirurgião pelo outro lado da vida. Ele escreveu o livro mesmo sabendo que com isso colocava sua reputação em risco, pois acreditava que seus anos de experiência científica poderiam ajudar a persuadir alguns céticos a abrir suas mentes para a realidade da continuação da vida após a morte. Uma atitude bastante louvável e corajosa, sem dúvida, embora com ínfima possibilidade de êxito, para não dizer nula. Diz um desconsolado Dr. Eben nesse livro: “Na minha inocência, eu estava ansioso para compartilhar essas experiências, sobretudo com meus colegas de medicina. Afinal de contas, o que vivi alterou minhas crenças a respeito do cérebro, da consciência e do sentido da vida. Quem não estaria interessado em ouvir sobre essas descobertas? Muito pouca gente, como logo percebi. Sobretudo pessoas com credenciais médicas.”
Numa entrevista surpreendente, dentre as muitas que concedeu na época, Eben Alexander faz uma descrição muito nítida de uma maravilhosa região que visitou em sua jornada extracorpórea. Apesar da beleza e encanto ali reinantes, não se trata ainda do reino espiritual como ele imagina. Dr. Alexander conheceu um plano não físico, porém ainda constituído de matéria, embora mais sutil do que a que percebemos com nossos sentidos corpóreos. Não podemos nos esquecer que o Filho de Deus já alertara: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo14:2).
Não há nada de extraordinário em adentrar num mundo próximo à Terra de matéria grosseira sem o corpo físico. Fazemos isso todas as noites quando dormimos. Em algumas situações essa locomoção ocorre conscientemente, o que também não é errado se não tiver sido levada a efeito de modo artificial, como por meio de exercícios, por exemplo. No livro Buddha[1], publicado pela Ordem do Graal na Terra, há um relato da visita do neto de Buda a uma dessas regiões próximas ao mundo grosso-material.
Os povos antigos, aliás, ficariam muito espantados se soubessem que no futuro haveria acaloradas discussões sobre a existência ou não de mundos no além, sobre a possibilidade ou não de vida após a morte. Ficariam estarrecidos na verdade, perplexos, reconhecendo de imediato o quanto a humanidade do futuro teria involuído em seu saber sobre as engrenagens da Criação, como decorrência inevitável da preponderância concedida à atividade do raciocínio em detrimento da prevista evolução espiritual.
Nessa mesma entrevista, Dr. Eben fala também da “faísca, da centelha que temos dentro de nós”. Isso é igualmente verdadeiro, embora ela não seja de natureza divina. No entanto, com os vários depoimentos que deu sobre sua extraordinária experiência fora do corpo, Dr. Eben cumpriu uma incumbência muito importante, que foi a de falar claramente, abertamente, sobre assuntos espirituais num mundo afundado no materialismo, neste nosso tempo tão triste, em que os verdadeiros valores do ser humano foram obscurecidos por ele próprio.
Os neurocientistas “ortodoxos” argumentam que as experiências de Eben Alexander não passam de ilusões mentais. Insistem que a prova de que a consciência reside no cérebro é que ficamos inconscientes quando somos submetidos a uma anestesia geral, ou que desmaiamos e perdemos a consciência no caso de falta de oxigênio. Sim, nos estágios iniciais do coma, enquanto as almas ainda estão dentro dos respectivos corpos, elas ficam, de fato, incapacitadas de perceber e interagir com o mundo à sua volta; mas isso não significa que a consciência espiritual desapareceu. Depois, quando a ligação magnética entre alma e corpo afrouxa, a ponto de elas poderem sair do corpo, percebem nitidamente que ainda são elas mesmas que estão ali, os seus “eus” a observar tudo de cima: os médicos, os aparelhos, o próprio corpo inerte na cama. É um processo em tudo semelhante ao sono e o sonho.
Quando sonhamos, também sabemos que somos nós mesmos a experimentar tudo o que nos vem ao encontro, não é assim? E, no entanto, estamos do mesmo modo fora dos nossos corpos nesse período. Não cabe, portanto, a alegação de cientistas materialistas de que existe perda de consciência durante o sono. A consciência permanece tranquilamente, pois sabemos muito bem que somos nós mesmos a vivenciar tudo o que sonhamos, apesar de a alma estar fora do corpo durante as experiências que denominamos sonhos, o que, aliás, é mais uma prova de que a consciência do “eu” não está depositada no cérebro.
Palavras do Dr. Eben Alexander: “Ninguém na Terra nunca irá alcançar uma explicação materialista de como o cérebro cria a consciência, porque ele não faz isso!” Evidentemente, tanto essa assertiva do Dr. Alexander como minha explicação nunca serão aceitas por um cientista materialista. Quem se submete por inteiro ao raciocínio, como é o caso da imensa maioria dos discípulos da ciência, restringe também automaticamente, ao mesmo tempo, sua capacidade de visão e compreensão da realidade. Tal pessoa fica submetida também às restrições inerentes à constituição do raciocínio; ela simplesmente não consegue ver mais adiante, mesmo que queira. Cientistas e não cientistas materialistas sofrem todos da mesma restrição de compreensão autoimposta, o que os incapacita a reconhecer as leis que governam o mundo em que vivem.
“A pessoa que se submete totalmente ao seu raciocínio, submete-se também de todo às restrições do raciocínio, que está atado firmemente ao espaço e ao tempo, como produto do cérebro de matéria grosseira. Dessa forma a pessoa acorrenta-se completamente à matéria grosseira.”
(A voz interior)
“Por restrição privaram-se da possibilidade de reconhecer a grandeza deslumbradora na simplicidade das leis divinas! São, em sentido literal, incapazes para tanto ou, falando de modo bem claro, demasiado broncos, devido a seu cérebro unilateral tão atrofiado, que já desde a hora do nascimento trazem consigo, como um troféu das maiores conquistas.”
(Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem!)
Os casos de experiências de quase morte são mesmo bastante comuns, de modo que existem alguns poucos pesquisadores que investigam o fenômeno sem ideias preconcebidas. Alguns depoimentos coletados por esses investigadores sobre pessoas que passaram por essa vivência tão profunda são bastante elucidativos[2]: “Eu estava consciente de que aquele corpo, parecendo um material inerte, uma massa caída perto da porta, pertencera a mim, mas não era eu!”; “Eu, o real ‘eu’, não estava sobre a cama, e comecei a pensar sobre isso. Eu sabia que não sentia a cama debaixo de mim.”; “Percebi que estavam falando de mim. Tentei dizer a eles que eu não estava lá, mas tornou-se óbvio que não estavam me ouvindo, e eu sabia os pensamentos deles.”; “Tentei desesperadamente dizer-lhes que eu não estava mais ali, e que não sentia dores.”; “De alguma forma entendia o que estavam dizendo e até o que estavam pensando.”
Vemos que num dos depoimentos a pessoa fora do corpo percebe que o seu “eu real” não estava sobre a cama e começa a pensar sobre isso. Mas… alguém fora de seu corpo físico pode pensar? E uma alma já desligada do corpo, também consegue pensar?
Uma alma não pode mais raciocinar, ou pensar com o raciocínio. Não pode mais ponderar intelectivamente sobre algo e pesar os prós e contras, mas ela pode, sim, pensar. A alma é apenas o espírito humano sem sua vestimenta mais externa — o corpo físico —, porém com outros invólucros mais sutis que o envolvem, que são também corpos. A diferença é que nessa situação os pensamentos serão sempre oriundos do vivenciar imediato da alma, e não mais de reflexões do raciocínio, as quais dependem inteiramente do funcionamento do cérebro físico. Na dissertação “A morte”, Abdruschin esclarece que “no mundo de matéria fina todas as intuições são vividas de modo total e sem entraves”. E nesse pequeno trecho da dissertação “Falecido”, que mostra os primeiros passos no além de uma pessoa materialista, vemos que a alma detém, sim, a prerrogativa de pensar, embora com bastante dificuldade num caso assim:
“Muitas vezes caía no chão, feria-se, batia-se pela direita e pela esquerda, em pontas e cantos, mas algo não o deixava parar, pois um forte impulso o forçava continuamente a avançar às apalpadelas e procurar. Procurar! Mas o quê? Seu pensar estava confuso, cansado e sem esperanças. Procurava algo que não podia compreender. Procurava!
(…)
O grito do mais desmedido desespero e da dor sem esperança trouxe, no entanto, o nascimento do primeiro pensar no desejo de sair daquele estado. Procurou reconhecer o que o conduziu a esse estado pavoroso, o que o obrigou tão cruelmente a perambular pela escuridão. (…)
O outro mundo! Então estava morto terrenamente e, no entanto, vivia, se é que queria chamar de viver a esse estado. O pensar tornou-se imensamente difícil. Assim cambaleava adiante, procurando.”
(Falecido)
Os indivíduos que vivenciam experiências de quase morte conseguem entender os pensamentos das pessoas em volta de seus corpos inertes porque ainda trazem consigo um invólucro de matéria grosseira, embora mais sutil. Como quem está fora do corpo físico numa dessas experiências está envolto num corpo grosso-material mais fino (corpo astral), a percepção dos pensamentos, igualmente constituídos de matéria grosseira mais fina, é muito facilitada. É a mesma situação que ocorre nos centros espíritas, nos casos em que almas pouco limpas procuram se evidenciar externando coisas que as próprias pessoas ali presentes pensam e desejam:
“Com grande habilidade utilizam-se de palavras não raro pomposas, procuram responder pela forma desejada os pensamentos das pessoas, fáceis de ler para eles, porém, conduzem-nas logo por trilhas falsas em questões sérias, e procuram, se isso ocorre frequentemente, colocá-las pouco a pouco sob sua influência crescente, e assim, vagarosa, contudo seguramente, arrastá-las para baixo.”
(A moderna ciência do espírito)
Um meu conhecido, evangélico, que passou por uma experiência de quase morte após um grave acidente automobilístico, conta que enquanto estava fora do corpo compreendia perfeitamente os pensamentos das pessoas em volta do desastre. Uma dessas era um amigo muito próximo, espírita, que viajava junto com ele e saiu ileso do acidente. Esse amigo espírita disse depois que sentia que esse meu conhecido estava “ouvindo” os pensamentos dele. Essa contingência foi possível pela conjunção de dois fatores: primeiro, pelos fortes laços de amizade que uniam as duas pessoas, facilitando um intercâmbio de sensações e uma mais clara percepção destas. Em segundo lugar, porque sendo aquele amigo espírita, estava de certa forma familiarizado com manifestações exteriores, fora da matéria visível, não tendo engendrado nenhum bloqueio mental contra essa possibilidade. Esse meu conhecido acidentado consultou posteriormente o pastor de sua Igreja para tentar obter algum esclarecimento, e foi por ele informado de que havia sonhado tudo aquilo.
A experiência de quase morte ocorre quando, devido a algum grave acidente ou exacerbação de uma doença, a força magnética de irradiação do corpo se enfraquece de tal maneira que não consegue mais segurar a alma, pelo que esta se desprende conscientemente dele. Essa alteração de irradiação também ocorre naturalmente todas as noites durante o sono, permitindo que a alma se desprenda do corpo físico, porém não conscientemente.
A experiência de quase morte é bem isso mesmo: uma “quase morte” — que só não se efetivou porque ainda subsistiu o cordão de ligação da alma ao corpo físico, e alguma contingência permitiu que este corpo pudesse se recuperar e voltasse a emitir uma irradiação que segurasse novamente a alma dentro de si. Esse cordão de ligação entre alma e corpo é o mesmo “cordão de prata” mencionado na Bíblia (cf. Ecl12:6). Sobre o enfraquecimento da força de atração magnética entre corpo e alma por ocasião da morte, diz Abdruschin:
“Contudo, assim também acontece que a alma de um corpo destruído por violência, ou combalido por doença, ou enfraquecido pela velhice, tenha que se separar no instante em que este, devido ao seu estado alterado, não possa gerar mais aquela intensidade de irradiação, que produza tal força de atração magnética necessária, a fim de cooperar na interligação firme da alma com o corpo!
Disso resulta a morte terrena, ou o cair para trás, o afastamento do corpo de matéria grosseira, do invólucro de matéria fina do espírito, portanto, a separação.”
(O nome)
Como dito, há uma minoria na ciência médica que, a despeito dos ataques dos colegas, prossegue com sinceridade em suas pesquisas para elucidação das experiências de quase morte. É o caso do Dr. Parnia, médico do Stony Brook University Hospital, no estado de Nova Iorque, responsável pelo projeto “Consciência Humana”, que coleta e estuda cientificamente casos de quase morte em 25 hospitais nos EUA e Europa.
Depois de observar inúmeros episódios em que os pacientes voltaram do coma relatando coisas que viram e ouviram, inclusive detalhes das roupas e conversas das equipes médicas, enquanto seus cérebros não registravam nenhuma atividade, situações para as quais não existe nenhuma explicação neurológica, Dr. Parnia observou: “Embora os estudos sobre o encéfalo durante a parada cardíaca tenham consistentemente demonstrado não haver atividade cerebral mensurável, essas pessoas relatam detalhadas percepções que indicam o contrário, ou seja, um elevado nível de consciência na ausência de atividade cerebral mensurável.” E constatou: “A ideia de que processos eletroquímicos no cérebro causam a consciência pode não ser mais correta. (…) Talvez a consciência seja uma entidade separada do cérebro. (…) Os dados sugerem que a consciência não é aniquilada.” E arrematou: “Ao longo da história, temos tentado explicar as coisas da melhor maneira possível com as ferramentas da ciência. Mas vários cientistas de mente aberta e objetiva reconhecem que temos limitações. Se algo é inexplicável com a nossa ciência atual, então não significa que seja supersticioso ou errado. Quando o eletromagnetismo foi descoberto — basicamente forças que não podiam ser vistas ou medidas —, muitos cientistas fizeram piada com ele.” É um alento, sem dúvida, saber que ainda existem homens da ciência como o Dr. Parnia.
“Quanto tempo faz que se negavam bem energicamente os milhões de seres vivos multicolores numa gota de água, de cuja existência já agora cada criança sabe? E por que se negava? Somente porque não eram vistos! Só depois que se inventou um instrumento adequado, foi que se pôde reconhecer, ver e observar esse novo mundo.”
(Espiritismo)
Observando o posicionamento realmente louvável do Dr. Parnia e equipe, lembrei-me do modo de atuar de um grande cientista do século passado, possivelmente o maior: Albert Einstein.
Einstein considerava a intuição como a chave para a compreensão do Universo e o raciocínio apenas como mera ferramenta complementar. Ele ficava angustiado em ver que a ciência de que fazia parte, e da qual era seu mais ilustre representante, não compreendia isso e tomava o caminho inverso. São de Einstein as seguintes frases e conceitos, realmente lapidares: ”Precisamos tomar cuidado para não fazer do raciocínio o nosso ‘deus’; ele tem músculos poderosos, é verdade, mas nenhuma personalidade.”; ”A mente intuitiva é um dom sagrado e a mente racional um servo fiel. Nós criamos uma sociedade que supervalorizou o servo e se esqueceu do dom.”; “A religiosidade do sábio consiste em espantar-se, em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, a qual revela uma inteligência tão superior, que todos os pensamentos e todo o engenho humanos só podem desvendar, diante dela, o seu nada irrisório.”
Seguramente, Einstein foi um cientista em quem ainda trabalhavam em certa harmonia o cérebro e o cerebelo, sem que disso tivesse conhecimento. Não fosse assim, ele não admitiria a possibilidade de que o pensar é uma “imagempensamento que se materializa”, conceito muito próximo da realidade.
“São apenas poucas as criaturas humanas em quem a parte receptora do cérebro se encontra mais ou menos em colaboração harmoniosa com o cérebro anterior. Essas pessoas sobressaem do costumeiro padrão, destacando-se por grandes inventos ou por impressionante segurança em sua capacidade intuitiva, que permite captar rapidamente muita coisa a que outras só podem chegar mediante penosos estudos.”
(A ferramenta torcida)
Louvável de certo modo também a atitude de um dos pioneiros da neurociência, o americano Wilder Penfield (1891 – 1976), que depois de dedicar toda sua vida tentando estruturar as bases científicas da mente, concluiu: “A mente tem uma existência distinta do cérebro, embora esteja intimamente relacionada a ele. Não há um lugar no córtex onde a estimulação elétrica faça o paciente decidir.” O pesquisador ficara muito impressionado quando, ao estimular uma área específica do cérebro de um paciente e obter uma resposta automática do corpo, este lhe dissera: “Não fui eu quem fez isso, foi você!”
Reitero mais uma vez que o sentimento ou o sentido do “eu”, usual e erroneamente denominado “mente”, provém unicamente do espírito humano desenvolvido, que adquiriu a autoconsciência do existir. Portanto, não apenas o cérebro não cria a mente, como a própria mente não é a sede do sentimento do “eu”.
Cito aqui algumas considerações do neurocientista Dr. Fernando C. Gomes Pinto, absolutamente irretocáveis: “O seu cérebro faz a interface do seu ‘eu’ com este mundo, mas também faz a interface deste mundo com o seu ‘eu’. (…) O que eu sinto é que existe essa consciência individual antes e depois da vida física (espírito). Sinto que o método cartesiano e a classificação binária não são suficientes para provar a realidade da existência e a realidade da imortalidade do espírito. Sinto que um espírito, para se expressar com toda sua potencialidade, necessita de um cérebro e um corpo saudável.” Posicionamentos como estes, assim tão lúcidos e corajosos, são raros entre os neurocientistas, quase todos indissoluvelmente presos às amarras do mais crasso materialismo. É um alento ver um discípulo da ciência defender conceitos não materialistas.
Você, leitor, espírito humano que vive nesta Terra, é propriamente esse “eu” que sente, que percebe o mundo à sua volta e que com ele interage. Você é um espírito envolto por dois invólucros básicos: um mais sutil, de matéria mais fina, denominado alma, e outro mais pesado, constituído de matéria mais grosseira, chamado corpo físico. Nem a alma e nem o corpo são você propriamente, não são propriamente “vivos” a bem dizer, mas apenas vivificados durante algum tempo pelo espírito em seus caminhos de desenvolvimento nos mundos da matéria.
O processo de autoconscientização do espírito é bem lento no mundo material. Uma única vida terrena e uma única passagem pelo mundo do Além seriam insuficientes para sua plena obtenção. São necessárias várias vidas terrenas e vivências também no Além para que o espírito possa adquirir e consolidar sua forma humana, o que sempre ocorre conjunta e paulatinamente com o processo da autoconscientização. E, bem entendido, seres humanos reencarnam em corpos humanos tão somente, com sua alma de matéria fina também já em forma humana. A forma humana espiritual é que vai se estabelecendo aos poucos, como fruto das vivências no Aquém e no Além. Milênios são necessários para a conclusão desse processo, desde a primeira vez em que mergulhamos na matéria, como germes espirituais inconscientes provenientes do Paraíso, até o retorno a esse mesmo Paraíso, como espíritos plenamente conscientes. A obtenção da autoconsciência individual, relacionada diretamente à conformação humana espiritual, é, portanto, um processo paulatino, não imediato.
O germe espiritual inconsciente, que pela primeira vez é semeado nos campos de cultivo da matéria, começa pouco a pouco a adquirir experiências através de vivências. Com isso, a irradiação por ele emitida continuamente vai, também aos poucos, fazendo germinar uma forma humana que, por fim, constituirá o espírito humano plenamente consciente de si. O núcleo do germe ou centelha espiritual não deixa de existir com esse processo crescente de autoconscientização do espírito, mas nele permanece irradiando, à semelhança do coração no corpo físico.
Tanto a alma como o corpo físico com seu cérebro são apenas instrumentos para a atuação do espírito. O raciocínio, por sua vez, é somente um produto do cérebro terreno, sujeito a todas as limitações do mundo material, devendo constituir apenas uma ferramenta para a efetivação da vontade espiritual na Terra.
“O ser humano recebeu o raciocínio a fim de que este lhe dê para cada vida terrena, em relação ao espiritual que tende para cima, um contrapeso para baixo, com a finalidade de que o ser humano na Terra não paire somente em alturas espirituais, esquecendo com isso a sua missão terrenal. O raciocínio deve também servir-lhe para facilitar toda a vida terrena. Antes de tudo, porém, para transmitir ao pequeno âmbito terrenal, para levar à efetivação na matéria terrenalmente visível, o forte impulso pelo que é elevado, puro e perfeito, que reside no espírito.”
(Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem!)
O raciocínio humano é uma ferramenta que podia e devia ser animada e vivificada pela atuação do espírito, caso a ponte para sua atuação no mundo material, o cerebelo, não tivesse sido negligenciada e abandonada ao inevitável atrofiamento, como decorrência da lei da adaptação.
“A parte do cérebro que deve constituir a ponte para o espírito, ou melhor, a ponte do espírito para tudo o que é terreno, ficou, portanto, paralisada com isso, uma ligação rompida, ou bastante afrouxada, com o que o ser humano se privou de toda a ação do espírito e com isso também da possibilidade de tornar seu raciocínio ‘animado’, espiritualizado e vivificado.”
(Era uma vez…!)
É um grave crime contra as leis do Universo, e um grande retrocesso, quando a essa limitada ferramenta é dado um poder de decisão que cabe ao espírito tão somente. Só um espírito indolente, que tenha perdido a vontade de cumprir sua real incumbência na Criação, consente que o raciocínio continue atuando acima dele após ter adquirido o saber desse desenvolvimento errado, que se efetivou em larga escala no mundo, ao longo de centenas de milhares de anos.
Desse grande crime global, o verdadeiro pecado original, adveio então todos os outros males que afligem a humanidade do presente, como decorrência natural. O padre jesuíta Teilhard de Chardin (1881 – 1955), involuntariamente se aproximou da verdade em suas reflexões sobre o pecado original, tidas como heréticas em sua época e que lhe granjearam severa perseguição por parte da Igreja. Padre Chardin acreditava que o entendimento sobre o pecado original não devia ser buscado na interpretação literal da história de Adão e Eva, mas sim na contingência de o homem poder dizer “não” ao seu Criador.
O ser humano, de fato, possui plena liberdade de decisão. Ele dispõe do seu livre-arbítrio, o qual, porém, está vinculado à mais integral responsabilidade por tudo quanto ele pensa, fala e faz. Dizer “não” ao Criador é o mesmo que virar as costas para as leis por Ele entretecidas na obra da Criação. As consequências últimas desse procedimento serão apenas dor, lágrimas, ruína e, por fim, a morte espiritual.
Em obediência à lei da adaptação, decorrência direta da lei do movimento como vimos, originada por sua vez da lei básica da reciprocidade, a caixa craniana da espécie humana foi se amoldando paulatinamente para abrigar o encéfalo (subdividido em cérebro, tronco encefálico e cerebelo), que se modificava em duas frentes: a hipertrofia do cérebro anterior e a consequente atrofia do cerebelo. Como dito, este fato constituiu o verdadeiro “pecado hereditário”, herança de um processo de evolução contrário ao preconizado pelas leis primordiais, que previam um desenvolvimento harmonioso das duas partes do cérebro. Essa torção no desenvolvimento natural seguramente contou também com nossa própria contribuição em outras vidas. Por isso, não temos de imaginar nenhuma injustiça quando somos obrigados agora a deglutir os frutos amargos de nossa nefasta semeadura de outrora.
Devemos, sim, reconhecer como errado o desenvolvimento antinatural do cérebro e procurar viver de forma a nos tornarmos criaturas mais intuitivas, o que robustecerá paulatinamente o cérebro posterior, também como efeito natural da lei da adaptação. Devemos nos espelhar na pureza dos primeiros seres humanos e também na dos povos não degenerados de muito milênios passados, que viviam em completa harmonia com todas as leis da natureza. Neles, a ferramenta disponível para utilização na matéria, o cérebro, ainda não estava torcida.
“Como vos tornastes tão pequenos em relação àqueles que, encontrando-se no começo do seu desenvolvimento, ainda considerais hoje como incompletos no sentido humano.
Eles eram mais válidos na Criação do que sois vós hoje, e por isso mais valiosos e úteis perante o Criador do que vós, em vossa desditosa torção, que só é capaz de deixar atrás de si destruição, ao invés de elevação do que existe.”
(Os planos espírito-primordiais IV)
Quero terminar este ensaio sobre o sentimento do eu com as palavras de uma jovem francesa de 18 anos, chamada Claire Pic, registradas em seu diário na longínqua data de 24 de fevereiro de 1867:
“Às vezes eu vivencio uma alegria intensa ao saborear a bênção de ser. Não a existência banal e material de comer, beber, dormir, ver algo bonito, ouvir sons melodiosos, mas a felicidade diferente e delicada de ser uma parte distinta do grande todo, de ser um todo com a própria vida, as próprias impressões, os próprios pensamentos. É algo lindo e grande o direito que Deus nos deu de dizer ‘eu’.”
[1] A verdadeira história de Buddha – o Preparador do Caminho para o povo indiano – e a doutrina por ele concebida é narrada neste livro. Acesse a página de Buddha na editora: bit.ly/Buda-OGT.
[2] Extraído do trabalho Do any Near-Death Experiences Provide Evidence for the Survival of Human Personality after Death? Relevant Features and Illustrative Case Reports, de autoria de Emily Cook, Bruce Greyson e Ian Stevenson.
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2) A Lança Sagrada
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3) O Sentimento do “Eu”
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4) Raciocínio, Intuição e Pureza dos Pensamentos
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